IA em revisão e a Fed na mira: mercados entre euforia e prudência

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Esta semana, os índices americanos continuaram em modo de realização de mais-valias. Tanto o S&P 500 como o Nasdaq caíram no início da semana, numa correção sobretudo ligada a uma crescente saturação dos investidores com o setor da inteligência artificial. Após um ano de ganhos expressivos, começaram a ganhar peso as dúvidas sobre a sustentabilidade dos gastos com a IA, dos níveis de endividamento e do retorno esperado destes projetos. A Oracle, uma das empresas mais expostas ao setor, já acumula uma desvalorização próxima de 50% desde o pico registado em setembro e voltou a cair na quarta-feira, depois de notícias de que um financiador teria recuado num projeto de data centers avaliado em 10 mil milhões de dólares.

 Do lado macroeconómico, os dados recentes reforçaram a perceção de um abrandamento gradual da economia norte-americana. O inquérito de atividade empresarial mostrou que o crescimento desacelerou em dezembro para o ritmo mais fraco dos últimos seis meses, com uma queda dos novos pedidos, um sinal pouco favorável num contexto de avaliações elevadas. No mercado de trabalho, os pedidos semanais de subsídio de desemprego aumentaram de forma acentuada, embora persistam dúvidas quanto à fiabilidade desta leitura, em parte devido ao ruído sazonal típico desta altura do ano. Por fim, os dados da inflação surpreenderam em baixa. A inflação homóloga desceu para 2,7% e a inflação subjacente caiu para 2,6%, ambas abaixo do esperado, reforçando os sinais de desinflação nos Estados Unidos. Apesar de a reação dos mercados ter sido relativamente contida, estes números mantêm viva a possibilidade de um corte de juros na próxima reunião da Fed, em janeiro.

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