Perante um enquadramento vincado pela elevada incerteza, volatilidade e crescente necessidade de alinhamento do sistema educativo com as necessidades do tecido empresarial, merece particular atenção o relatório “Education at a Glance 2025”, da OCDE.Como bem sabemos, os níveis de educação e qualificação têm impactos em distintas áreas, com relevo na produtividade e competitividade empresarial, na empregabilidade e nas remunerações. Gosto sempre de recordar que na origem da AEP, há 176 anos, esteve o propósito da qualificação da mão-de-obra, a de “instruir e educar as classes laboriosas”, como se dizia na altura.Apesar dos progressos alcançados ao nível da educação de adultos, que são sobretudo visíveis nas gerações mais novas, persiste um problema estrutural nos adultos mais velhos. Em Portugal, 38% dos adultos com idades compreendidas entre os 25 e os 64 anos, têm no máximo o ensino básico, o dobro da média da OCDE. No segmento mais jovem (entre os 25 e os 34 anos), essa proporção desce para 16% (embora, acima da média da OCDE: 13%).A proporção de adultos com o ensino secundário e pós-secundário (não superior) é em Portugal de 30%, ou seja, 10 pontos percentuais abaixo da média da OCDE. Já no segmento mais jovem estamos relativamente melhor (41% em Portugal face a 39% da OCDE). Na proporção de adultos com o ensino superior, a diferença atenua-se no grupo dos mais jovens (43% em Portugal e 48% na OCDE), que sustenta, em parte, a tese da “geração mais bem preparada”!Importa realçar que o mundo empresarial enfrenta grandes desafios, como a digitalização, a inteligência artificial e com competências emergentes, áreas onde os sistemas educativos estão frequentemente desfasados para poder dar uma resposta de forma eficaz. Tais desfasamentos criam gaps de competências que as empresas terão de compensar, seja com investimento em formação interna ou externa. O envolvimento do movimento associativo de base empresarial e do sistema educativo é um fator crítico, com vista a colmatar lacunas de competências, através da colaboração no desenho de currículos que preparem eficazmente os recursos humanos para as exigências laborais e a adaptação a novos desafios.Perante a forte influência das megatendências globais – como tensões geopolíticas e mudanças no mercado de trabalho – este é o caminho no sentido de se garantir um sistema educativo que sirva eficazmente as empresas, fortalecendo a sua competitividade, produtividade, resiliência e, também, a coesão social do país.Presidente do Conselho de Administração da AEP