Mercados em pausa

Analista da ActiveTrades Europe,

Publicado a

Os índices americanos recuaram pela terceira sessão consecutiva, refletindo uma pausa, após várias semanas de valorização sustentada. A atenção dos investidores esteve centrada no discurso do presidente da Fed, Jerome Powell, na terça-feira, que trouxe sinais de ponderação quanto ao futuro da política monetária norte-americana. Powell descreveu a política monetária como moderadamente restritiva, enfatizando que os riscos permanecem equilibrados entre o lado do emprego e a inflação. Embora o mercado continue a precificar pelo menos 2 cortes adicionais nas taxas de juro este ano, o presidente da Fed sublinhou que qualquer decisão dependerá estritamente da evolução dos dados económicos. Esta abordagem cautelosa indica que, apesar das expectativas de uma Fed mais dovish do que na primeira metade do ano, a prudência é a palavra-chave e o objetivo é evitar compromissos definitivos com o rumo a seguir.

Uma das observações que mereceu mais destaque dos analistas foi a nota de Powell sobre a relativa sobrevalização das bolsas norte-americanas, sugerindo que a recente valorização dos índices poderá não estar totalmente alinhada com os fundamentos económicos. Esta observação, incomum para um governador do banco central, juntamente com a sinalização de possíveis ajustes futuros na política monetária, contribuiu para moderar o sentimento de mercado, pressionando ligeiramente os índices, que vinham a beneficiar de um rali consistente sem correções significativas.

A divulgação do PIB norte-americano na quinta-feira revelou um crescimento robusto de 3,8% em termos anualizados, acima das expectativas de 3,3%. O resultado reforça a resiliência da economia e sugere que os cortes de juros poderão ser mais graduais do que anteriormente antecipado. Os índices americanos recuaram e o dólar valorizou após a notícia, reduzindo a probabilidade de cortes mais agressivos no curto prazo. A reação evidencia a sensibilidade dos investidores a novos dados, sublinhando que a evolução dos mercados dependerá fortemente dos próximos dados da inflação, do emprego e do próprio PIB, bem como da comunicação da Fed.

Diário de Notícias
www.dn.pt