Depois de um semestre que acabou por ser uma espécie de montanha-russa para os investidores, os mercados financeiros encontram-se num ponto num ponto de reflexão, onde se pesam os prós e os contras da atual conjuntura. A crescente incerteza política, combinada com tensões relativas às relações comerciais, e uma evolução macroeconómica global, está a impulsionar uma nova fase de reavaliação estratégica por parte de investidores e decisores de políticas monetárias e publicas.Uma das atenções dos investidores está ligado ao que vai acontecer daqui para a frente com as grandes empresas tecnológicas americanas. As chamadas "Magnificent 7" (Alphabet, Amazon, Apple, Meta, Microsoft, Nvidia, and Tesla) que já representam 31 % do S&P 500 – principal índice de referência acionista norte americano - têm vindo a dar sinais de menor ímpeto, e o grande parte dos analistas antecipam que o ritmo de crescimento dos lucros dessas empresas pode começar a moderar entre 2025 e 2026, abrindo espaço para que o restante universo do índice reduza esta lacuna, e alimente maior crescimento do mercado acionista americano – o que em si, representa um desafio, e pode desapontar as expectativas bastante elevadas que foram criadas , por exemplo com a introdução de soluções de Inteligência Artificial.Don’t Fight the fed? Uma segunda linha de discussão dos investidores está intimamente ligada ao papel do Banco Central norte americano. A Federal Reserve face às políticas fiscais expansionistas dos EUA. A chamada “One Big Beautiful Bill Act”, que amplia os défices em 3,4 triliões de dólares ao longo da década, deverá forçar o banco central a adotar uma postura cautelosa – mantendo taxas mais altas por mais tempo ou só suavizando gradualmente. O delicado exercício de equilíbrio que será necessário existir entre estímulo fiscal e autoridade monetária e poderá criar ruido no mercado financeiro, e consequentemente volatilidade derivada da incerteza deste braço de ferro.Por fim temos as tendências de estruturais globais que prometem moldar as próximas décadas. Aumento do protecionismo comercial e geopolítico, crescente fragmentação geoeconómica, transição energética e aceleração da inovação digital (IA, ESG, infraestrutura verde). O investimento sustentável e temas ESG (Ambiental, Social e Governança) continuam a ganhar protagonismo. Globalmente, os ativos ESG ultrapassam os 35 triliões USD, e estudos recentes revelam que empresas com perfil ESG elevado reagem de modo diferente às decisões monetárias – mais resilientes a aumentos imediatos de taxas, mas mais sensíveis às orientações de futuro Perante este facto, os investidores poderão assumir um compromisso com a tendência dos primeiros meses do ano, e que sugerem que vale continuar a comprar economia, mas talvez com menos ligação aos Estados Unidos. As ações fora dos EUA têm superado os índices norte americanos robustamente: até julho, mercados desenvolvidos ex EUA cresceram 16,6 % enquanto o S&P 500 avançou apenas 7,1 %. Um dólar mais fraco, políticas fiscais europeias mais flexíveis, e fluxos de capital deslocando se para setores como defesa, semiconductores e bancos em regiões com maiores valorizações potenciais podem estar por detrás desta nova dinâmica, que poderá continuar a ser premiada nos mercados. Em conjunto claro está com os temas estruturantes como são o caso da Inteligência Artificial e do Investimento sustentável (ESG).