O contexto global é marcado por instabilidade geopolítica, da guerra na Ucrânia às tensões comerciais entre grandes potências, e por desafios económicos como inflação elevada e disrupções nas cadeias de abastecimento. Mesmo num contexto desafiante, o comércio internacional mantém-se como um dos pilares da economia da União Europeia, que continua a ser o maior bloco comercial do mundo, superando os Estados Unidos e a China. As suas relações comerciais globais são um fator decisivo para a estabilidade e o crescimento económico.Para Portugal, cuja economia assume uma forte tradição exportadora e com um tecido empresarial maioritariamente composto por pequenas e médias empresas, as trocas comerciais são essenciais para criar riqueza, emprego e inovação. O peso das exportações de bens e serviços na economia portuguesa tem crescido, impulsionadaspela internacionalização e inovação das empresas portuguesas e pelo forte crescimento do turismo. Em 2024, as exportações nacionais de bens e serviços representaram 45,8% do Produto Interno Bruto e, apesar da União Europeia ser o principal mercado das exportações nacionais de bens, os países terceiros correspondem a 29,6 % do total das exportações portuguesas, das quais dependem milhares de postos de trabalho.A UE tem vindo a trabalhar no sentido de melhorar as suas relações com países de interesse estratégico, seja através do fortalecimento e modernização de parcerias já existentes, seja através do estabelecimento de novas parcerias. Nesse sentido, os Acordos de Comércio Livre são um elemento-chave. Estes acordos abrem mercados, eliminam barreiras ao comércio e promovem um ambiente de concorrência equitativa (level playing field), promovendo elevados padrões sociais, laborais e ambientais.Os benefícios dos acordos de comércio livre da União Europeia são claros para as empresas portuguesas, de todos os setores. Graças a estes acordos, empresas portuguesas de vários setores de referência, caso dos farmacêuticos, vinho, azeite, calçado, vestuário, têxteis-lar, químicos, máquinas e aparelhos, automóveis e componentes, equipamentos médicos e outros de alta tecnologia, têm acesso a mercados exigentes, com barreiras pautais e não-pautais reduzidas ou eliminadas.Por exemplo, as exportações de bens de Portugal com destino ao Japão apresentam um crescimento expressivo desde a entrada em vigor, em 2019, do acordo de comércio estabelecido com a União Europeia, passando de 161 milhões de euros em 2018 para 283 milhões de euros em 2024. Também as exportações de bens de Portugal com destino ao Vietname registaram um aumento significativo desde a entrada em vigor, em 2020, do acordo de comércio estabelecido com a União Europeia, subindo de 48 milhões de euros em 2019 para 82 milhões de euros em 2024.O acordo com a Nova Zelândia, que entrou em vigor em maio de 2024, permite às empresas portuguesas exportar todo o tipo de produtos isentos de direitos aduaneiros. E há mais oportunidades no horizonte: a entrada em vigor, em breve, do acordo de comércio entre a União Europeia e o Mercosul, o maior bloco económico da América Latina, deverá abrir novas oportunidades de negócio para as empresas da União de vários setores, ao eliminardireitos aduaneiros aplicados a um extenso leque de produtos, industriais e agroalimentares.A localização estratégica e laços históricos, culturais e económicos que ligam Portugal ao Brasil, concedem a Portugal uma posição privilegiada para beneficiar deste acordo, em especial no que se refere a produtos agroalimentares, máquinas e aparelhos, componentes automóveis, químicos ou farmacêuticos.Para aproveitar plenamente estas oportunidades, as empresas europeias, sobretudo pequenas e médias empresas, que em Portugal representam mais de 99% do tecido empresarial, precisam de informação e apoio. Nesse sentido, merecem destaque as ferramentas online disponibilizadas pela União Europeia:- Access2Markets, um portal que fornece informações detalhadas sobre mais de 120 mercados, em todas as línguas da União. Com mais de 5 milhões de utilizadores desde o seu lançamento, há 3 anos, inclui informação sobre direitos aduaneiros, regras de origem, requisitos de produto, procedimentos aduaneiros e acordos comerciais.- Single Entry Point, que possibilita às empresas europeias submeter queixas sobre barreiras comerciais em mercados fora da União Europeia, que serão analisadas pela Comissão Europeia com vista à sua eliminação.- SME Trade Defence Helpdesk, portal que apoia as pequenas e médias empresas da União Europeia perante práticas comerciais desleais, como o dumping e subsídios.Estas ferramentas de apoio às empresas da União Europeia serão apresentadas no Dia de Acesso ao Mercado [Market Access Day], que terá lugar no Palácio da Bolsa, no Porto, no dia 12 de dezembro de 2025. O evento presencial, organizado pela Direção Geral das Atividades Económicas do Ministério da Economia e da Coesão Territorial de Portugal e pela ComissãoEuropeia, estará aberto a todas as empresas.Trata-se de uma oportunidade para as empresas portuguesas, independentemente da sua dimensão, conhecerem a ambiciosa agenda comercial da União Europeia e os instrumentos que podem ajudá-las a transformar desafios em oportunidades.