Portugueses preferem (e bem) a competitividade

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Ao contrário do que muitas vezes se ouve na opinião pública, os portugueses têm uma posição clara - além de positiva - sobre o papel da Europa no mundo. E a bússola política dos nossos compatriotas parece bem afinada, de acordo com as conclusões do último Eurobarómetro, já que aponta para a competitividade, economia e indústria como os setores de investimento prioritário no quadro europeu.

As conclusões deste inquérito variam em função dos países e das respetivas circunstâncias. O facto de, em Portugal, os cidadãos atribuírem mais relevância às matérias de natureza económica, do que à Defesa e Segurança - as áreas mais valoradas no conjunto dos 27 - significa que a nossa sociedade compreende onde está um dos seus maiores problemas estruturais e qual é o caminho que tem de percorrer.

Ao mesmo tempo, mostra clarividência sobre o futuro da UE, que terá de passar forçosamente por reforçar a sua competitividade e encontrar um espaço próprio no meio das potências dominantes - EUA e China.

Esta preocupação nacional com a economia não é nova e reflete-se noutros inquéritos europeus já realizados. Há menos de um ano, após as eleições legislativas, 62% dos participantes no Eurobarómetro Social assumiam que o país devia ter como prioridade a melhoria dos salários. Sabendo que essa meta não se alcança por decreto, é através de uma economia mais próspera, com empresas sólidas e produtivas, que podemos lá chegar.

Na antecâmara de mais uma campanha política nacional, seria positivo que os responsáveis políticos ouvissem, de facto, estas preocupações da ‘rua’ e colocassem o crescimento económico, a produtividade, as qualificações e as condições materiais de vida da população no centro do seu discurso.

Os sinais iniciais parecem ir no bom sentido, com a oposição a desviar o foco das polémicas recentes e a trazer a ideia de um novo “Relatório Porter” para a discussão. O Governo também terá os seus argumentos para apresentar, com um ano de excedente orçamental e de crescimento acima da Zona da Euro como cartão de visita.

Se ninguém queria eleições, os portugueses parecem saber bem o que querem para o país e para o espaço comum onde estão integrados. Saibam os políticos interpretar esta realidade e focarem-se em oferecer as soluções que lhes são pedidas.

Presidente da Associação Comercial do Porto

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