Recursos Humanos, o grande desafio!
A qualificação e valorização dos ativos esteve na génese da AEP, em 1849. Hoje, o tema da mão-de-obra e das suas competências – em ambos os casos, a sua falta – é um dos principais desafios que as empresas e o país enfrentam. Dentro de portas, muita reflexão temos vindo a fazer, no sentido de identificar e apresentar várias propostas. No ano pré-pandemia, a AEP produziu uma reflexão conjunta com diversos stakeholders, públicos e privados, que fazem parte do ecossistema da formação/educação, cujos resultados foram vertidos num documento estratégico, intitulado “(Re)Qualificar para Competir”, e partilhados numa conferência, realizada em dezembro de 2019.
A mais recente reflexão que fizemos sobre o desafio demográfico e suas implicações para o mercado de trabalho atestam, de forma inequívoca, que estamos perante um tema incontornável para Portugal, onde se projeta um forte envelhecimento da população residente e redução na faixa em idade ativa.
Nos vários inquéritos de auscultação que temos realizado junto do tecido empresarial, a escassez de mão-de-obra surge no top 3 dos fatores apontados pelos empregadores com uma influência negativa e significativa sobre a atividade da sua empresa. No The Global Risks Report 2025, do World Economic Forum, a escassez de mão-de-obra e talento é o principal risco para Portugal a curto prazo.
É, pois, fundamental apoiar a formação e o desenvolvimento de competências, como é essencial promover ajustamentos entre os setores que potencialmente estão a conseguir libertar recursos (por exemplo, na sequência da automatização de processos ou da introdução da Inteligência Artificial no seu modelo de negócios) e outros que necessitam de tais recursos. A mão-de-obra imigrante continuará a ter um papel chave, mas não consegue resolver totalmente o problema do mercado de trabalho.
É com todo este enquadramento, ciente de que tudo isto exige uma capacidade de ação imediata, sem descurar a perspetiva de um horizonte a médio e longo prazos, que a AEP vai prosseguir com um amplo plano de ação de formação e requalificação dos ativos, aproveitando a estreita articulação que possui com o movimento associativo de base empresarial, colocando em prática a sua longa e vasta experiência prática, com resultados reconhecidos. Mais de 175 anos não é, assim, tão pouco!
Luís Miguel Ribeiro é Presidente do Conselho de Administração da AEP