Espanha encontra-se sob o olhar atento dos mercados e dos parceiros da zona euro. Mariano Rajoy tem pressionado Bruxelas e Frankfurt a ajudarem o país e teve uma resposta rápida: Os líderes europeus vão-se reunir a 28 e 29 de Junho para debater a criação de uma união bancária, um fundo de resgate financiado pelos bancos, accionistas e credores de forma a tirar o ónus dos resgates aos Estados. . Além disso, o fundo de resgate europeu (FEEF) pode vir a financiar o sector financeiro do país através do fundo de refinanciamento da banca espanhola, o FROB. . Para isso, Madrid teria de se comprometer a resolver o problema do sector financeiro do país, através da fusão ou encerramento de bancos. . Os dez problemas que Espanha precisa de resolver . - Desemprego em Espanha . O desemprego em Espanha é o mais elevado da União Europeia, com 24,3% da população activa desempregada no país vizinho, no mês de Abril. . Os jovens são fortemente atingidos por esta chaga social, com mais de 51,1% dos espanhóis entre os 15 e os 24 anos a estarem desocupados. Espanha é seguida de perto pelo Grécia com 21,7% e Letónia e Portugal com 15,2%. . - Recapitalização da banca . O Bankia foi o primeiro banco a ser resgatado pelo Executivo de Mariano Rajoy e cerca de 23 mil milhões entraram na instituição.Algumas estimativas apontam para uma necessidade de financiamento na ordem dos 50 a 60 mil milhões de euros. . O ministro da Economia, Luis De Guindos, já veio alertar que somente no mês de Julho serão conhecidas as necessidades de financiamento da banca espanhola. De Guindos disse recentemente que no dia 11 de julho o Fundo Monetário Internacional irá publicar o seu parecer relativo ao sector bancário do país. . Assim, ficarão conhecidas as necessidades do sector financeiro e, uma semana depois, serão conhecidas as conclusões das consultoras contratadas pelo Ministério da Economia e Banco de Espanha. . Para o presidente do Banco Santander, Emilio Botín, os problemas do sector bancário espanhol ficariam resolvidos se a União Europeia entrasse com 40 mil milhões de euros. . - Custos do financiamento . O juro da dívida a longo prazo espanhola negociou próximo dos 7% a semana passada, tendo fechado a negociação nos 6,6% a 30 de Maio, um máximo nos últimos seis meses. . O máximo anterior tinha sido alcançado a 25 de Novembro com 6,7% mas tinha vindo a descer para o mínimo de 4,8% em Fevereiro e Março devido à injecção de dinheiro nos bancos pelo Banco Central Europeu (BCE), a mini-bazuca, através do programa LTRO. Parte deste dinheiro foi utilizado pelos bancos para comprar dívida soberana do seu país no mercado secundário. . Os 7% são considerados a linha de não retorno e foi com os juros a este nível que Portugal, Grécia e Irlanda tiveram que recorrer ao resgate financeiro internacional. . As autoridades espanholas tem vindo a pedir por mais intervenção do BCE nomeadamente ao comprar dívida soberana no mercado secundário, mas os responsáveis do banco de Frankfurt não se tem mostrado receptivos aos apelos de Madrid. . - Crédito mal parado do imobiliário nos bancos . O crédito mal parado nos bancos aumentou 33% o ano passado para os 148 mil milhões de euros, segundo dados do Banco de Espanha. O mal parado no crédito à habitação alcançou os 8,5% do total da carteira de créditos do sector bancário em Março, registando a percentagem mais alta desde que a bolha imobiliária explodiu em Espanha em 2008-2009. . - Controlo das contas nas autonomias . Espanha teve um défice orçamental de 8,% em 2011, mais 2,5% do que o estabelecido com a Comissão Europeia no Programa de Estabilidade para o ano passado. . As comunidades autónomas foram as grandes responsáveis pelo desvio de cerca de 25 mil milhões de euros, com 1,64% do desvio a pertencer às autonomias. . As comunidades mais endividadas são Castilla-La Mancha com um défice de 7,30% do PIB, seguida de Murcia, com 4,33%, Canárias com 4,04%, Catalunha com 3,72% e Valência com 3,68%. O objectivo de Madrid é reduzir o défice das autonomias para 1,5% este ano. . - Fraco crescimento . O crescimento do PIB espanhol tem vindo a cair dramaticamente nos últimos anos: Dos 4,1% registados em 2006, para 3,5% em 2007 e 0,9% em 2008. . Em 2009 e 2010, a economia de Madrid caiu 3,7% e 0,1%, respectivamente, tendo voltado a crescer 0,7% no ano passado mas as medidas de austeridade assim como o resgate ao Bankia vão levar o país a cair 1,8% e 0,3% em 2012 e 2013, segundo o Eurostat. . - Défice orçamental . Madrid tem até 2014 para reduzir o seu défice orçamental para os 3% de acordo com o pacto orçamental europeu mas Bruxelas pode mais tempo para Madrid cumprir a meta. . Recentemente, o Comissário dos Assuntos Económicos e financeiros, Oli Rehn, valorizou os esforços do governo espanhol com o plano de ajuste e as reformas levadas a cabo, mas, ao mesmo tempo, mostrou-se surpreendido pela recisão em alta do valor do défice, exigindo mais detalhes sobre as medidas concretas a tomar até 2013. . O défice de 2011 foi revisto recentemente em alta, de 8,51% para 8,9% do PIB, e Mariano Rajoy mantém o seu compromisso para o reduzir para 5,3% este ano e 3% em 2013. Mas em Bruxelas continuam a persistir as dúvidas sobre se tal será possível no actual contexto de recessão. . - Burocracia e impostos . As empresas que desejarem investir em Espanha, hesitam perante os dados apresentados pelo Banco Mundial. O país encontra-se na 44ª posição do ranking de melhores países para fazer negócio, ficando atrás de Portugal (30º). Em relação à facilidade para começar um negócio, Espanha encontra-se num duvidoso 133º lugar (Portugal situa-se entre os 26 do topo). Para abrir um negócio em terras de Castela são necessários 10 procedimentos diferentes e um empresário precisa de esperar, pelo menos, 28 dias até poder começar a trabalhar. . Em relação ao pagamento de impostos, o país encontra-se na 48ª posição, bem acima de Portugal, na 78ª posição. Por ano, é necessário fazer oito pagamentos de diferentes taxas e é necessário gastar umas preciosas 187 horas para cumprir todas as obrigações tributárias, ficando o Estado no final do dia com 38,7% das receitas da empresa. . O novo presidente de governo vai ter que trabalhar muito nesta matéria, de forma a atrair investimento estrangeiro directo e promover o empreendedorismo entre os cidadãos espanhóis. . - Dívida pública . Em Espanha, a dívida pública não é um problema para a sua economia, registando um valor muito inferior, previsão de 67,7% do PIB para este ano, aos seus parceiros europeus. . Em 2010, a média na União Europeia era de 80%. A Grécia aparece no topo da lista com 142%, seguida de Itália (119%) e Bélgica (96,8%). Apesar da dívida ser relativamente baixa, o endividamento do país aumentou 9,5% nos primeiros seis meses do ano, o triplo da média comunitária.