Passe e reservas em comboios a 20 euros exigem ida às bilheteiras

Passageiros têm de reservar lugar para viajar no Intercidades na nova versão do passe ferroviário, apresentado hoje pelo Governo. Comboios suburbanos apenas estão incluídos fora das áreas metropolitanas.
Novo passe ferroviário inclui todos os comboios regionais. Foto: Artur Machado/Global Imagens
Novo passe ferroviário inclui todos os comboios regionais. Foto: Artur Machado/Global Imagens
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Os passageiros terão de ir mais vezes às bilheteiras das estações para andarem de comboios por 20 euros por mês. O Governo apresenta hoje, no Entroncamento, a nova versão do passe ferroviário nacional, que passa a incluir os comboios Intercidades e Interregionais nos lugares de 2.ª classe e ainda os serviços suburbanos fora das áreas metropolitanas. O agora “passe ferroviário verde” tem de ser carregado no cartão CP, que apenas pode ser comprado nas estações, segundo documento a que o DN teve acesso. 

É também nas bilheteiras das estações - ou nas novas máquinas de bilhetes da região de Lisboa - que os viajantes têm de reservar, sem custos e com pelo menos 24 horas de antecedência, o lugar de segunda classe em todos comboios. Os utentes podem usar este serviço duas vezes por dia, mas só podem reservar um lugar em cada viagem.

Por exemplo, entre Lisboa e o Porto, um passageiro pode fazer uma reserva para a ida e outra para o regresso. Paga 20 euros pelas duas viagens em vez de 48,33 euros pelo bilhete normal (a ida e volta tem 10% de desconto). Se o passageiro mudar de ideias, a reserva de lugar tem de ser cancelada até 15 minutos antes, na bilheteira da estação onde vai apanhar o comboio. 

Todos os comboios regionais estão incluídos no passe, assim como os urbanos de Coimbra. No acesso a Lisboa e ao Porto, o bilhete de 20 euros apenas inclui os percursos Carregado-Azambuja (Lisboa) e os troços Vila das Aves-Guimarães, Paredes-Marco de Canaveses, Paramos-Aveiro e Lousado-Braga. Desta forma, não ficam comprometidos os passes metropolitanos a 40 euros, que incluem todos os meios de transporte.

Ainda assim, se não houver restrições no regulamento, um passageiro pode, por exemplo, apanhar um comboio Intercidades em Lisboa-Santa Apolónia e chegar mais depressa a Santarém ou ao Entroncamento em vez de utilizar o serviço regional. A partir de Porto-Campanhã, é possível seguir para Espinho ou Aveiro no Intercidades em vez de usar o suburbano do Grande Porto.

De fora do passe ferroviário ficam os comboios Alfa Pendular (único serviço comercial da CP) e Celta (entre Porto e Vigo, operados em parceria com a congénere espanhola Renfe).
Em vigor desde agosto do ano passado, a primeira versão do passe ferroviário limitou-se aos comboios regionais. Mais de 30 mil passageiros passaram a pagar 49 euros por mês para usar o serviço, mas a CP não recebeu qualquer compensação estatal, segundo o relatório e contas da transportadora relativo ao ano passado.

Resta saber, por isso, de que forma a CP vai ser indemnizada pela introdução da nova versão do passe ferroviário - e consequente perda de receita com lugares comprados por viajantes únicos - e ainda se haverá capacidade para responder a um eventual aumento da procura quando falta mais de um ano para começarem a chegar os primeiros dos 22 novos comboios regionais. Ao mesmo tempo, escasseia pessoal nas oficinas para recuperar e modernizar carruagens para os serviços Intercidades e regional de norte a sul do país, que permitiriam aumentar o número de lugares por viagem.

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