Os passageiros terão de ir mais vezes às bilheteiras das estações para andarem de comboios por 20 euros por mês. O Governo apresenta hoje, no Entroncamento, a nova versão do passe ferroviário nacional, que passa a incluir os comboios Intercidades e Interregionais nos lugares de 2.ª classe e ainda os serviços suburbanos fora das áreas metropolitanas. O agora “passe ferroviário verde” tem de ser carregado no cartão CP, que apenas pode ser comprado nas estações, segundo documento a que o DN teve acesso. .É também nas bilheteiras das estações - ou nas novas máquinas de bilhetes da região de Lisboa - que os viajantes têm de reservar, sem custos e com pelo menos 24 horas de antecedência, o lugar de segunda classe em todos comboios. Os utentes podem usar este serviço duas vezes por dia, mas só podem reservar um lugar em cada viagem..Por exemplo, entre Lisboa e o Porto, um passageiro pode fazer uma reserva para a ida e outra para o regresso. Paga 20 euros pelas duas viagens em vez de 48,33 euros pelo bilhete normal (a ida e volta tem 10% de desconto). Se o passageiro mudar de ideias, a reserva de lugar tem de ser cancelada até 15 minutos antes, na bilheteira da estação onde vai apanhar o comboio. .Todos os comboios regionais estão incluídos no passe, assim como os urbanos de Coimbra. No acesso a Lisboa e ao Porto, o bilhete de 20 euros apenas inclui os percursos Carregado-Azambuja (Lisboa) e os troços Vila das Aves-Guimarães, Paredes-Marco de Canaveses, Paramos-Aveiro e Lousado-Braga. Desta forma, não ficam comprometidos os passes metropolitanos a 40 euros, que incluem todos os meios de transporte..Ainda assim, se não houver restrições no regulamento, um passageiro pode, por exemplo, apanhar um comboio Intercidades em Lisboa-Santa Apolónia e chegar mais depressa a Santarém ou ao Entroncamento em vez de utilizar o serviço regional. A partir de Porto-Campanhã, é possível seguir para Espinho ou Aveiro no Intercidades em vez de usar o suburbano do Grande Porto..De fora do passe ferroviário ficam os comboios Alfa Pendular (único serviço comercial da CP) e Celta (entre Porto e Vigo, operados em parceria com a congénere espanhola Renfe). Em vigor desde agosto do ano passado, a primeira versão do passe ferroviário limitou-se aos comboios regionais. Mais de 30 mil passageiros passaram a pagar 49 euros por mês para usar o serviço, mas a CP não recebeu qualquer compensação estatal, segundo o relatório e contas da transportadora relativo ao ano passado..Resta saber, por isso, de que forma a CP vai ser indemnizada pela introdução da nova versão do passe ferroviário - e consequente perda de receita com lugares comprados por viajantes únicos - e ainda se haverá capacidade para responder a um eventual aumento da procura quando falta mais de um ano para começarem a chegar os primeiros dos 22 novos comboios regionais. Ao mesmo tempo, escasseia pessoal nas oficinas para recuperar e modernizar carruagens para os serviços Intercidades e regional de norte a sul do país, que permitiriam aumentar o número de lugares por viagem.