Vira o disco e toca o mesmo. Não aprendemos e infelizmente insistimos no amadorismo, no improviso e na escolha do amigo. O resultado é sempre o mesmo, pedir ajuda externa. E ainda bem que veio! Mas o que precisamos mesmo é de um governo que compreenda que este é o combate mais importante de todos. Porque o que temos tido é um governo que em vez de se ter preparado para uma segunda e terceira vaga, com vários cenários alternativos, nada previu, nada planeou.
Vão da euforia do "salvámos o Natal" para o pior país com covid-19. E pelo caminho enviam-nos um SMS no dia 26 de dezembro a criar a expectativa "vacinação começa amanhã, aguarde contacto do SNS" para depois dizerem-nos, a mim neste caso, que nem daqui a um ano estarei vacinado.
Até com o voto antecipado foram surpreendidos e mesmo assim ainda tivemos que ouvir o Ministro da Administração Interna a fazer um elogio à democracia, a tal que com a morte de um cidadão estrangeiro às mãos do Estado logo a seguir promove a demissionária diretora do SEF ao cargo de assessora da direção. Tudo um grande faz de conta. Tal como foi quando os mais altos representantes do Estado não eram prioritários na vacinação (e mal) para depois já serem todos os políticos.
Para as escolas o plano genial foi suspender as aulas por 15 dias e correr a comprar computadores. Tudo tarde e a más horas, em cima do joelho e a tentar remediar.
Quando pensamos que não pode piorar é quando acontecem os casos das vacinações indevidas e percebemos que a lógica original da task force foi primeiro o apparatchik e só depois o país. É o grande deboche.
Mas os exemplos são tristes, múltiplos e evidentes. Na justiça anunciaram medidas de suspensão de prazos, mas depois demoram dez dias para publicá-las. É percetível que tudo é avulso, sem nexo, descoordenado. E o governo vitimiza-se, acusa de bullying quem questiona a governação e grita por ajuda como fez a ministra da Saúde no parlamento. Dezembro e janeiro foram meses de desnorte. Esperamos que tudo mude. Mas muitos dizem que está a correr bem! Então questiono: o que é correr mal?
Advogado