O elevado preço dos combustíveis não demove os portugueses da compra de carro novo. No mês de agosto foram matriculados em Portugal 11 349 automóveis ligeiros de passageiros, mais 42,4% do que no período homólogo. Só a marca mais vendida em Portugal, a Peugeot, duplicou as vendas face ao ano anterior e, no top 5 de marcas mais vendidas, só a BMW registou uma quebra (6,3%). Renault, Mercedes e Toyota crescem 71,1%, 41% e 29%, respetivamente.
É verdade que, no acumulado dos primeiros oito meses do ano, o mercado automóvel ficou 2,8% abaixo do ano passado, mas é sobretudo devido ao comportamento das vendas dos veículos de mercadorias, quer ligeiros quer pesados. É que, desde o início do ano, foram colocados no mercado 101 293 novos ligeiros de passageiros, um número que está já quase em linha com 2021 (-0,4%), enquanto nos ligeiros de mercadorias o mercado está a cair 19,7% no acumulado do ano (20,2% só no mês de agosto) e 7,7% nos pesados de mercadorias (-2% em agosto).
Em contrapartida, as vendas de pesados de passageiros mais do que triplicaram (+258,5%) desde o início do ano, num total de 1244 veículos novos comercializados. Só no mês de agosto foram vendidos 220, contra as 16 unidades de agosto do ano passado. É um crescimento de 1275% e que traduzirá, tudo o indica, a grande recuperação do mercado turístico nacional.
No entanto, a Associação Automóvel de Portugal (ACAP) não esquece que, comparativamente ao período pré-pandemia, as vendas de automóveis estão ainda muito aquém. As 13 214 unidades vendidas em agosto, em todos os segmentos de mercado, representam ainda uma quebra de 17,6% face a agosto de 2019. No acumulado dos oito meses, o mercado está ainda 36,3% abaixo do período pré-pandemia.
Também aqui a "culpa" está na quebra de vendas dos veículos de mercadorias: no caso dos ligeiros, o decréscimo é de 56% em termos mensais e de 40,8% no acumulado de janeiro a agosto. Quanto aos pesados, e por força do extraordinário crescimento das vendas do segmento de passageiros, a categoria, que engloba mercadorias e passageiros, está 35,2% acima no mês de agosto e 4% acima no acumulado do ano comparativamente a 2019.
Boas notícias também do lado da sustentabilidade. Dos 11 349 ligeiros de passaeiros vendidos este ano em Portugal, 38,4% são movidos a energias alternativas, designadamente elétricos e híbridos. Só os carros elétricos representaram já 9,9% das vendas totais.
Quanto a marcas, a Peugeot cresceu 2,3% no acumulado do ano, enquanto a Renault e a Mercedes-Benz caíram 32,3% e 12,1%, respetivamente. Segue-se a Toyota, que cresceu 20,8% e a BMW, que acumulou uma perda de 20,6%.
Nos carros de luxo, a Porsche e a Jaguar estão a perder 1,9% e 1,8%, respetivamente, enquanto a Lexus cai 15,7% e a Lamborghini perde 16,7%.
Em contrapartida, a Maserati cresceu 182,4% e a Bentley 147,1%, passando ambas de 17 veículos vendidos, em 2021, para 48 e 42, cada um. A Aston Martin, a marca favorita do 007, está a crescer 9,5% (23 carros) e a Ferrari 23,5% (21 novos carros na estradas portuguesas).
A Tesla está a crescer 64,1%, correspondendo a 1.165 veículos vendidos este ano em Portugal, contra os 710 dos primeiros oito meses de 2021.