Primeira emissão de dívida do Plano de Recuperação tem um custo de 0,086%

Credores cobraram uma taxa de juro de 0,086% à União Europeia (UE) na primeira operação de endividamento para financiar os planos de recuperação. Emissão de hoje gerou nova divida no valor de 20 mil milhões de euros.
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Os credores internacionais cobraram uma taxa de juro média de 0,086% à União Europeia (UE) na primeira operação de endividamento (a dez anos) destinada a financiar os planos de recuperação dos vários países europeus, revelou o ministro das Finanças.

Só para se ter uma referência, este custo anual fica bem abaixo da taxa das Obrigações do Tesouro a dez anos de Portugal que negociava nos 0,38% esta terça-feira, no mercado secundário. É quatro vezes mais pesada do que a taxa cobrada à Europa.

Numa nota enviada às redações, o gabinete do ministro João Leão congratulou-se com o "momento inédito" e o "marco para a História europeia" que é aumentar de forma significativa a dívida dos países e da UE (mais 800 mil milhões de euros, pelo menos) para financiar os programas que supostamente vão permitir escapar aos efeitos devastadores da pandemia e relançar o crescimento económico nos próximos anos no grupo dos 27 Estados-membros.

Esta terça-feira, "foram colocados 20 mil milhões de euros nesta primeira emissão, a uma taxa [de juro] de 0,086%", diz a nota de João Leão.

Estas obrigações públicas têm uma maturidade de 10 anos, ou seja, terão de ser totalmente reembolsadas em 2031. Este ano, o objetivo da Comissão Europeia é ir ao mercado buscar um total de 80 mil milhões de euros.

"A procura superou 142 mil milhões de euros e foi sete vezes superior à oferta. Este forte apetite dos investidores pelas novas obrigações contribuiu para reduzir a primeira indicação de preço em três pontos base", observou ainda o ministro das Finanças português.

Ou seja, a taxa de juro baixou três centésimas de pontos percentuais (0,03%) face ao preço inicial, o que numa emissão desta magnitude é importante já que permite gerar poupanças elevadas no serviço da dívida.

Para o ministro das Finanças, "a União Europeia registou hoje [terça-feira, 15 de junho] um momento inédito com a primeira emissão conjunta de dívida para financiar o Programa Next Generation EU, o mecanismo extraordinário de emissão de dívida europeia que colocará à disposição dos Estados-Membros 800 mil milhões de euros para financiar os Planos de Recuperação e Resiliência (PRR) dos países".

Esta dívida e o mecanismo que nela assenta são considerados "uma peça central na resposta europeia à crise provocada pela covid-19 e a rampa de lançamento para a recuperação económica dos Estados".

Leão repete o que todos os restantes líderes têm dito sobre o tema. Este dinheiro é para operar uma "recuperação sustentável, verde e digital".

No entender do governante das Finanças, "o dia de hoje é um marco para a nossa história europeia, pela solução sem precedentes de resposta comum à crise".

A emissão de hoje, no valor de 20 mil milhões de euros do total previsto de 800 mil milhões de euros, "dá-nos a garantia de que o dinheiro vai começar a chegar às economias muito em breve, o que juntamente com a aprovação dos primeiros Planos de Recuperação já no decorrer desta semana, permitirá aos Estados-Membros começar a implementar os investimentos e reformas necessárias para a recuperação económica".

Os primeiros desembolsos do Plano de Recuperação devem acontecer dentro de mês e meio a dois meses, em agosto.

Esta quarta-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, desloca-se a Portugal e Espanha para anunciar a aprovação oficial final dos respetivos PRR.

Na quinta-feira, segue caminho e fará o mesmo na Grécia e na Dinamarca. Na sexta-feira, será a vez do Luxemburgo. Na semana que vem, o périplo pelos restantes PRR nacionais deve continuar.

"Após a ratificação da Decisão de Recursos Próprios por todos os Estados-Membros em tempo recorde, estamos muito satisfeitos por termos conseguido dar mais este passo durante a Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia", congratula-se João Leão.

(atualizado às 18h00 com mais informações)

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