Produção mundial de calçado caiu 6%, Portugal ganha quota e sobe a 18.º

Estados Unidos, China e Europa consumiram, em 2023, quase 1500 milhões de pares de sapatos a menos do que no ano anterior. Produção caiu 7% na Ásia e 5% na Europa. Em Portugal, o recuo foi de 3,6%
O presidente da APICCAPS, Luís Onofre
O presidente da APICCAPS, Luís OnofreMiguel Pereira / Global Imagens
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A produção mundial de calçado caiu 6%, em 2023, para 22,4 mil milhões de pares, o valor mais baixo da última década, se excluirmos os anos pandémicos de 2020 e 2021, avança o World Footwear Yearbook 2024, o anuário estatístico mundial editado pela APICCAPS - Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos. A contração no consumo dos maiores mercados mundiais - EUA, China e Europa compraram menos quase 1500 milhões de pares - ajudam a explicar a quebra. Apesar disso, Portugal reforçou a sua posição e subiu dois lugares na tabela e é agora o 18.º maior produtor mundial.

Com 81 milhões de pares de sapatos produzidos em 2023, Portugal é responsável por 0,4% da produção mundial. Exportou 66 milhões de pares - o que o coloca na 18.ª posição também entre os maiores exportadores - no valor de 1988 milhões de dólares, o que corresponde a uma quota de 1,2% das exportações mundiais. Ocupa a 13.ª posição no ranking mundial. 

A Ásia continua a dominar a produção mundial de calçado, assegurando quase 9 em cada 10 pares fabricados no mundo, embora a sua quota tenha regredido ligeiramente para 87,1% (fora de 87,4% no ano passado). A produção nesta região do mundo caiu 7%. Na Europa, a quebra foi menor, de apenas5%, permitindo que o bloco europeu represente 2,8% da produção global, contra os 2,7% do ano anterior.

Destaca a APICCAPS que, apesar de um recuo de 3,6% para 81 milhões de pares fabricados em 2023, Portugal "voltou a revelar um melhor desempenho do que Itália", que perdeu 8,6% para 148 milhões de pares. Nos últimos dez anos, a produção italiana recuou 26,7%, passando de 202 milhões de pares produzidos em 2013 para 148 milhões no último ano, enquanto a indústria portuguesa cresceu 8% no mesmo período, passasndo de 75 milhões de pares em 2013 para 81 milhões em 2023.

A China continua a ser o maior produtor mundial de calçado, com 12,3 mil milhões de pares, o que representa 55% do total. O top 10 dos maiores produtores é dominado por países asiáticos, com exceção do Brasil e do México, que ocupam a 4.ª e 9.ª posição, respetivamente. A tabela este ano fica marcada pela saída do Cambodja dos 10 lugares cimeitos e pela entrada da Irão, que é agora o 10.º maior produtor. A Índia reforçou o seu segundo lugar na tabela e é responsável por 11,6% dos sapatos produzidos no mundo.

“Ainda que o ano de 2023 tenha sido particularmente difícil para o setor do calçado a nível internacional, começam a verificar-se os primeiros sinais consolidados de nearshoring”, refere, citado em nota de imprensa, o presidente da APICCAPS, que considera que este “é claramente um bom sinal para as nossas empresas que, mesmo num clima de grande exigência, continuam a investir e a procurar novas oportunidades de negócio”.

“Nos últimos dois anos, o nosso país foi procurado por marcas de inegável prestígio a nível internacional, que procuram naturalmente um parceiro fiável, com uma grande qualidade produtiva, serviço de excelência e que está a apostar de forma continuada nas áreas da automação, digitalização e mesmo sustentabilidade”, acrescenta, na mesma nota, Luís Onofre.

2023 foi também um ano difícil em termos de exportações que caíram 9,1% em volume e 6,1% em valor, ficando-se pelos14 mil milhões de pares vendidos por 168 mil milhões de dólares.

A China destaca-se como origem de 63,8% do total das exportações, acima dos 61,3% em 2022. O Vietname ocupa o segundo lugar a grande distância (9,5%), seguido pela Indonésia (3,2%). Estes três países representam mais de três quartos das exportações mundiais de calçado.
 
O preço médio de exportação por par de calçado atingiu 12 dólares em 2023, o que representa um aumento de 3,2%. Itália volta a liderar a tabela, com um preço médio de 71,92 dólares, um aumento de quase 17% face ao ano anterior, seguido de Portugal, com 30,24 dólares por par, um aumento de 8%. A terceira posição cabe ao México, com um preço médio de 29,05 dólares (+4,5%), seguido de Marrocos, com 24,33 dólares, país que não constava da lista de grandes players na edição anterior. O top 5 do maior preço médio é fechado pela Espanha, com 22,30 dólares (+10%).

A Ásia domina também o consumo mundial de calçado,com uma quota de 54,7%. A Europa e a América do Norte seguem respetivamente com quotas de 13,9% e 13,4%.
 
A China continua a ser o principal consumidor de calçado, embora a sua participação no total mundial tenha diminuído, situando-se agora em 17,1%. O consumo nos Estados Unidos registou uma redução significativa, com o país a perder a segunda posição alcançada no ano anterior e a trocar de lugar com a Índia.

A Europa representa o terceiro maior mercado consumidor de calçado, com 1948 milhões de pares consumidos em 2023.

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