Promotores imobiliários voltam a apostar na classe média portuguesa

Confiantes com o abrandamento da inflação e da possível descida das taxas de juro, investidores estão a reforçar projetos residenciais nas zonas periféricas de Lisboa tendo em vista o mercado doméstico.
Promotores imobiliários voltam a apostar na classe média portuguesa
D.R.
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Os promotores imobiliários estão a redireccionar a oferta futura habitacional para a classe média e para o mercado doméstico. Segundo o inquérito Portuguese Investment Property Survey (PIPS) do 4º trimestre de 2023, verifica-se uma redução do peso de Lisboa nos novos projetos em carteira - de 52% no 3º trimestre para 41% no 4º trimestre - e um aumento das intenções de investimento nas áreas periféricas da Grande Lisboa - de 30% para 44%.  

O relatório, uma iniciativa da Confidencial Imobiliário e da  Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários com base na auscultação dos principais promotores imobiliários, revela também uma perda da quota dos empreendimentos dirigidos para a procura internacional - de 24% no 3º trimestre para 18% no 4º trimestre. Os projetos para compradores nacionais e internacionais também perdem importância (de 52% para 38%), mas os que têm por alvo o mercado doméstico agregavam 44% dos novos projetos no 4º trimestre, contra 24% no 3º trimestre.   

Este redirecionamento da oferta, deve-se a "uma maior confiança na evolução dos indicadores macroeconómicos, num quadro de abrandamento da inflação e de uma possível inflexão na subida de juros", conclui o PIPS do 4º trimestre de 2023, divulgado esta quinta-feira. Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário, considera que “este novo padrão representa um regresso ao registo que o mercado estava a observar antes do aumento dos juros, que levou ao refúgio dos operadores nos mercados “prime”, mais resilientes”. 

O inquérito revela que o sentimento relativo à procura nos últimos três meses, considerando a evolução das vendas, melhorou significativamente, embora mantendo-se em terreno negativo, passando de -70 pontos no 3º trimestre para -44 pontos no 4º trimestre de 2023. O sentimento quanto ao preço é de estabilidade, observando-se no 4º trimestre um saldo de +3 pontos.

As expetativas para os próximos 3 meses são de "uma clara redução da pressão sobre a procura, com o saldo deste indicador a passar de -64 pontos no 3º trimestre para -21 pontos no 4º trimestre, aponta o estudo. Os preços deverão manter-se "num registo de estabilidade".  

Os promotores demonstram assim mais confiança quanto ao futuro, embora continuem bastante
preocupados com os obstáculos à atividade, encabeçados pela burocracia e licenciamento. Os obstáculos agravaram-se em +15 pontos. Há fatores que registaram um desagravamento, como os custos de construção, que deixaram de ser uma fonte de incerteza na contratação de empreitadas, mas houve um agravamento decorrente da maior instabilidade legal e fiscal, assim como dos atuais riscos políticos, diz o relatório. 

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