Prosegur. Novo modelo de segurança em Portugal exportado para 13 países até 2024

Com cinco áreas de negócio maduras, grupo espanhol desenvolve em Portugal centro tecnológico de segurança. Inovação chega a Espanha já nos próximos dias.
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A Prosegur lançou o iSOC - Intelligent Security Operations Center em Portugal em janeiro deste ano, mas só há cerca de um mês anunciou o novo centro de operações que é a base de um novo conceito e modelo de segurança, que o grupo de origem espanhola vai implementar em mais 13 países nos próximos dois anos - a operação espanhola inaugura o seu iSOC na próxima semana.

"Existem muitos" centros de vigilância "bons", de diferentes funções e de "várias dimensões", em Portugal, mas nenhum é tão "diferenciador" como o iSOC, conta Gonçalo Morgado, diretor-geral da Prosegur Security Portugal, ao Dinheiro Vivo (DV).

O iSOC, apresentado ao DV como o "centro nevrálgico" da segurança hibrida que a Prosegur está a desenvolver, permite "controlar a gestão e operações em simultâneo". "É totalmente inovador", afirma Gonçalo Morgado.

O gestor explica que o iSOC inaugura para a empresa o conceito de segurança híbrida, que resulta da integração de Inteligência Artificial, Internet das Coisas e Big Data, aliada "ao tratamento de dados em tempo real" e "contextualização" dos mesmos, a fim de abordar a atividade de forma mais "imediata e eficiente", conferindo também, pela primeira vez, uma capacidade de antecipação de riscos na vigilância.

"O iSOC é a peça central deste modelo, constituindo-se como o cérebro da segurança. É neste centro que chegam todos os dados, que são tratados e transformados em informação que é devolvida à operação para que as decisões dos nossos clientes sejam mais rápidas.

Raul Viana, coordenador do iSOC, acrescenta que o trabalho deste novo centro de segurança vem conferir "muita precisão" e um "lado preditivo" na ação da empresa de segurança, "contextualizando a informação [alarmística] e criando padrões".

O novo centro tecnológico dedicado à vigilância permite, por exemplo, a gestão de sinais de alerta e a ativação de protocolos de segurança, bem como a monitorização ativa de imagens de videovigilância e a gestão remota de entradas e saídas de veículos e pessoas. Acresce também a capacidade para a revisão em tempo real do cumprimento dos regulamentos e parâmetros operacionais e reforça a capacidade de remotamente lidar com incidentes técnicos. Tudo isto com a nuance de o iSOC estar configurado como centro de recolha de dados e respetiva análise e tratamento, para apoiar operações no terreno. De referir que o iSOC está ativo 365 dias por ano, 24h por dia.

Os dois responsáveis da Prosegur salientam também que o iSOC está integrado num edifício "blindado" ao exterior, beneficiando de diferentes mecanismos autónomos de segurança e de energia. Raul Viana destaca, ao nível das comunicações, "a dupla e tripla redundância" que existe nas ligações entre a empresa de segurança, os clientes e as autoridades".

Neste ponto, Gonçalo Morgado reforça: "O iSOC é um ponto de maior contacto e cooperação com as forças de segurança". A afirmação é precedida da nota que a empresa tem "uma atividade que é complementar" à das autoridades, sendo que existe uma "enorme tradição e muito boa relação" entre a empresa e as autoridades, "sempre numa lógica de cooperação".

Novo paradigma

O que levou a empresa a desenvolver um novo modelo de segurança? Gonçalo Morgado responde que o "sentimento de insegurança está associado às mudanças [políticas, sociais, económicas e tecnológicas] que têm vindo a acontecer" e, nessa lógica, "a própria segurança tem de evoluir". "Os riscos atuais têm um caráter muito hibrido e há uma convergência entre o que é o mundo físico e mundo digital, com os riscos de hoje a mostrarem-se mais difusos e, às vezes, inesperados.

A sensação de insegurança tem vindo a aumentar e os níveis e a velocidade da mudança de perceção a que se assiste é brutal", adianta. "Isto leva-nos a evoluir também nos conceitos de segurança. Hoje não só protegemos pessoas e bens. Na verdade, temos de incluir outras áreas, como a segurança económica, a segurança dos dados e da informação, a cibersegurança e a tecnologia", realça.

A "complexidade" obriga a Prosegur a olhar para a segurança "de uma forma mais holística", de acordo com Gonçalo Morgado. Por isso, não será por acaso que o iSOC "funciona para todos os segmentos de negócios da Prosegur" - Prossegur Secutiry (segmento empresarial); Prosegur Cash (transporte e tratamento de valores); Prosegur Alarmes (segmento residencial; Prosegur Cypher (cibersegurança); e Prosegur Avos (serviços para áreas financeiras e de seguros).

Portugal é o ponto de partida deste novo modelo de segurança, com a empresa a querer expandir o iSOC para "mais 13 países entre 2023 e a primeira metade de 2024". A experiência portuguesa, depreende-se das palavras dos responsáveis da Prossegur em Portugal, servirá de matriz para os novos iSOC. Espanha será o primeiro a ter um iSOC. Seguir-se-ão países como EUA, Brasil, China, México ou Singapura, mas também Argentina, Chile, Colômbia, Paraguai, Peru e Uruguai.

O investimento necessário para levar este novo modelo para outros países dependerá da dimensão do mercado em causa.

O iSOC luso representou um investimento de um milhão de euros e representa a criação de 100 empregos. "Já temos uma equipa de mais de 60 pessoas", revela Gonçalo Morgado, indicando que como "cada posto de trabalho tem, no mínimo, cinco pessoas em rotatividade", apostar em "mais cem novos postos de trabalho é quase duplicar a equipa que há hoje, para ter a capacidade de cobrir mais do dobro dos serviços".

Os perfis procurados, segundo o gestor, têm de respeitar duas dimensões sobretudo. Por um lado, a empresa procura "especialistas de segurança, com formação muito específica e também conhecimentos sobre o enquadramento legal português", sendo que a empresa dá formação aos novos trabalhadores. Por outro, a empresa procura quem tenha conhecimentos em análise de dados. "É uma das áreas em que vamos crescer mais, sem dúvida", diz.

O grupo Prosegur foi criado em Espanha em 1978 e entrou na bolsa de valores em 1987. Emprega mais de 150 mil pessoas em 26 países - cerca de cinco mil em Portugal.

A Prosegur Security tem atualmente mais de três mil clientes em Portugal e, a partir do seu centro de operações, são supervisionadas mais de 3 500 instalações.

No último ano, as receitas do grupo ascenderam a 3,4 mil milhões de euros. O ano de 2022 não está fechado, mas Gonçalo Morgado garante que as vendas já "estão acima desse valor".

[Informação corrigida pelas 13h do dia 28 de novembro. Por lapso, o artigo referia que o valor das receitas do grupo Prosegur tinha sido de 6,4 mil milhões de euros em 2021, número que estava incorreto]

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