O Presidente russo, Vladimir Putin, criticou esta sexta-feira, durante uma conversa telefónica com o seu homólogo francês Emmanuel Macron, os "obstáculos" que persistem na exportação de produtos agrícolas russos, apesar do acordo assinado no mês passado sob mediação internacional..Durante a conversa, Putin "sublinhou os obstáculos que persistem sobre as exportações russas, que não contribuem para uma solução dos problemas relacionados com a segurança alimentar global", avançou o Kremlin..O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse hoje em Odessa, no sul Ucrânia, que, além da libertação de cereais e fertilizantes produzidos neste país, é preciso permitir o acesso ao mercado global de alimentos russos que não são alvo de sanções internacionais..Falando em conferência de imprensa após uma visita ao Porto de Odessa, Guterres afirmou, numa alusão à iniciativa de libertação de cereais retidos pela guerra na Ucrânia através do Mar Negro, que é necessário "desimpedir o acesso ao mercado global de alimentos e fertilizantes russos que não estejam sob sanções".."Sem fertilizantes em 2022, pode não haver comida suficiente em 2023", declarou, acompanhado pelo ministro das Infraestruturas ucraniano, Olexander Kubrakov..Ainda na conversa desta sexta-feira, os chefes de Estado russo e francês concordaram em acelerar os preparativos para uma visita dos peritos da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) à central nuclear de Zaporijia, na Ucrânia, a fim de avaliar o impacto dos combates na área circundante.."Putin e Macron sublinharam a importância de enviar esta missão para Zaporijia o mais rapidamente possível", confirmou o Kremlin, numa declaração citada pela agência noticiosa russa TASS..A Rússia "confirmou que está pronta para prestar toda a assistência necessária aos inspectores da AIEA", segundo a mesma fonte..A presidência francesa, por sua vez, declarou que Macron "apoiou o envio o mais rápido possível de uma missão de especialistas da AIEA, nas condições aprovadas pela Ucrânia e pelas Nações Unidas"..Macron e Putin devem voltar a dialogar "nos próximos dias sobre o assunto [da central de Zaporijia], após contactos entre as equipas técnicas e antes do desdobramento da missão", segundo o Eliseu..As forças russas controlam a central de Zaporijia, a maior do género na Europa, mas ambas as partes acusam-se mutuamente de ataques que podem provocar um desastre nuclear..A Ucrânia tem quatro centrais nucleares em funcionamento, com um total de 15 reatores, seis dos quais na de Zaporijia..Esta semana, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, exigiu a retirada "incondicional e o mais rápido possível" do Exército russo da central nuclear de Zaporijia, que permita um regresso gradual da segurança ucraniana e internacional..O chefe de Estado ucraniano lembrou que diplomatas ucranianos, cientistas nucleares e a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) estão em "constante contacto" para enviar a missão da agência da ONU.