Quando o brio militar chega às empresas, isso é Portugal NTN

Sediada em Mirandela, empresa de turismo de natureza dá várias regalias aos trabalhadores para que os clientes não sejam os únicos a sentirem-se felizes
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Quando há sete anos João Neves e Domingos Pires deixaram para trás 25 anos de vida militar, o que queriam era manter-se ativos, mas a necessidade de contratar uma pessoa mudou-lhes o destino: tiveram de criar uma empresa, solução que nunca tinham idealizado. E foi assim que surgiu a Naturthoughts - Turismo de Natureza, Lda., que hoje atua no mercado sob a marca Portugal NTN.

Entraram na Academia Militar quando tinham 18 anos e isso ditou um percurso comum, tendo mesmo chegado a participar em missões no estrangeiro. Mas a passagem à reserva levou-os de regresso às origens transmontanas: João Neves é de Chaves e Domingos Pires, de Mirandela, onde nasceu a empresa de aventuras.

Empregam agora dez pessoas a tempo inteiro, repartidas por três áreas de negócio: Consulting, para conceção e implementação de percursos pedestres homologados, centros de cycling e de trail running. Neste segmento, desenvolvem também uma aplicação móvel (Feel) para o turismo em geral e, em particular, para percursos pedestres acessíveis, inclusivos e sensoriais. São ainda produzidos conteúdos e imagem relativos aos territórios onde decorrem as atividades.

Um segundo segmento, designado por Walking, visa a elaboração de programas estruturados, com a duração de 1 a 15 dias, com foco nas caminhadas e em experiências ligadas aos produtos endógenos da região.

Por último, a área de Adventure leva os clientes à prática de trekking, team building e workshops ligados às atividades em montanha.

O segmento de Walking está mais vocacionado para o mercado externo, enquanto o Adventure é mais dirigido ao mercado nacional e empresas. Já a parte de Consulting está pensada principalmente para responder a entidades públicas, como câmaras municipais ou áreas protegidas, explica Domingos Pires.

Os segredos da motivação
Com esta oferta diversificada, a empresa consegue anular os efeitos de uma sazonalidade indesejável e garantir mercado para o ano inteiro, em todo o país e também no estrangeiro.

Na área de Walking, por exemplo, atuam em Trás-os-Montes, Douro, Lisboa e Algarve. Na de Adventure, é mais em Trás-os-Montes, na ilha do Pico, em Espanha, França e Suíça, por enquanto.

Todas as atividades têm vindo a garantir lucros desde o arranque da empresa e até a pandemia serviu para aumentar o volume de negócios. "Tivemos de parar, como toda a gente, mas reajustámos a empresa para ver o que podíamos controlar para continuar a trabalhar. Então, investimos em mais recursos materiais e em mais pessoas, para poder oferecer novos produtos".

Sempre com a mesma arma: ter "trabalhadores felizes". Daí o conjunto de regalias: ninguém trabalha na sexta-feira à tarde nem na última sexta-feira de cada mês; os horários são flexíveis e é o trabalhador que o define em função das ações a realizar; o trabalhador também participa na escolha de todo o equipamento que a empresa põe ao seu dispor (roupa, computador e aparelhos); a formação específica está garantida e é paga a 100% pela empresa; os salários são "acima da média" do setor; há um seguro de saúde adicional e o subsídio de alimentação é de 7,63 euros; "se o colaborador corresponder", está assegurado um aumento salarial de três em três anos (tem sido anual, segundo o gestor); nas férias e no Natal, há prémios de produtividade.

Domingos Pires explica: "Há um fator fundamental: toda a gente envolvida na empresa tem de sentir que está numa família, que faz parte da mesma equipa, tem de defender os mesmos valores. Cada um tem de sentir a empresa como sua. É esse o espírito: elevar tremendamente o seu padrão de desempenho. A empresa tem de ser sentida como uma missão e não apenas como um emprego".

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