O acesso aos portugueses aos serviços públicos piorou durante a pandemia e o número de queixas disparou 47% em seis meses para mais de 8 mil, alerta o Portal da Queixa. A Segurança Social é o serviço público mais reclamado, mas foi o Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) que registou a maior subida face ao ano passado: 280%, embora não seja o serviço público com o maior volume de queixas. A Segurança Social regista o maior volume de reclamações.
“Um dado interessante que ganha destaque nas estatísticas que analisámos, é relativo ao IHRU que, tendo em conta o contexto de medidas excecionais de apoio anunciadas às famílias, recebeu naturalmente mais reclamações referentes ao processo de apoio às rendas e pelo facto de verem indeferido esse pedido”, realça Pedro Lourenço, CEO do Portal da Queixa e fundador da Consumers Trust, citado em nota de imprensa.
"Devido à pandemia, os serviços públicos estão mais lentos e menos eficazes, criando constrangimentos na vida dos cidadãos", diz o Portal da Queixa. "Apesar do número de reclamações no Livro Amarelo terem diminuído 44% em agosto, em comparação com o mesmo período do ano passado (de 38 mil para 21 mil), as queixas no Portal da Queixa aumentaram, sobretudo, no que toca à falta de atendimento e de resposta", destaca.
Serviços públicos mais reclamados
A pandemia levou muitos serviços públicos para, desde março, a fazer atendimento por via electrónica, mas as queixas dos consumidores, pelo menos no Portal da Queixa, dão conta que nem tudo tem corrido bem. Em seis meses - entre 18 de março e 18 de setembro de 2020 -, o Portal registou 8033 reclamações, um aumento de 47% face ao período homólogo, onde se verificaram apenas 5450 queixas.
A dificuldade de agendamento do atendimento é o principal motivo de queixas, mas também as falhas no serviço prestado e a falta de resposta e resolução.
Das 8033 queixas registadas entre 18 de março a 18 de setembro, 1341 são relativas a assuntos relacionados com a Segurança Social, que viu subir 53% as queixas face a igual período do ano passado; segue-se, em termos absolutos, o IMT que com 985 viu subir em 39% o volume de reclamações.
Mas a maior subida percentual no período é a do Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU), que sobe 280% as queixas, para 76 reclamações registadas. O IEFP também registou uma subida de 54% nas queixas, para 111 reclamações.
Pela positiva, destaque para a descida das reclamações: o Centro Nacional de Pensões e a Autoridade Tributária e Aduaneira, ambas com uma redução de 22%, registando no período um total de 411 e 210 queixas, respetivamente.
Desde março, que os serviços públicos passaram a atender por via electrónica. Nos casos em que tal não seja possível, a pré-marcação é feita online - através doPortal “ePortugal” e/ou pelas linhas que prestam apoio aos serviços públicos digitais (Linha do Cidadão 300 003 990 e Linha das Empresas 300 003 980).