Santa Casa deve dinheiro à maior organização da máfia brasileira

Santa Casa teve conhecimento formal da dívida através de um documento entregue pela MCE, empresa adquirida no Brasil, no final do ano passado.
João Carvalho / Wikimedia
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A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) deve 200 mil reais (cerca de 40 mil euros) ao Primeiro Comando da Capital (PCC), a maior organização criminosa do Brasil, noticia o Expresso esta sexta-feira.

A informação foi revelada por um gestor da MCE, empresa de jogo adquirida pela SCML no Brasil, numa reunião de novembro de 2023 e consta num documento entregue à Santa Casa.

A dívida está relacionada com atividades da MCE em São Paulo, cidade brasileira onde o PCC está mais presente. A SCML foi questionada sobre o assunto, mas não quis dar explicações.

Segundo o Expresso, na reunião referida nesse documento, um novo representante no Rio de Janeiro da administração da Santa Casa foi confrontado com a necessidade de se resolver a dívida ao PCC e com o facto de o crédito estar relacionado com uma operação da MCE em São Paulo

Nessa data, a SCML era já presidida por Ana Jorge, que tinha substituído, em maio de 2023, Edmundo Martinho, o provedor que decidiu levar a Santa Casa a investir no negócio do jogo no Brasil.

Três meses antes, Ana Jorge tinha denunciado ao Ministério Público português um conjunto de irregularidades relacionadas com os investimentos no Brasil.

O jornal Público revelou na altura que a provedora encomendara à consultora BDO uma auditoria forense e financeira sobre as atividades da Santa Casa Global, a subsidiária criada para concentrar todos os investimentos internacionais da SCML.

Já o Expresso descreve que a versão final da auditoria forense encomendada por Ana Jorge foi entregue à Santa Casa no início do mês passado, mas nada consta no relatório sobre o PCC.

A informação sobre esta organização criminosa terá sido passada por uma via paralela.

Em fevereiro de 2021 foi criada uma holding para todos os negócios relacionados com o Brasil, a Santa Casa Global Brasil Participações, ou simplesmente SCG Brasil decidida um mês antes pela SCG Portugal, numa ata com as assinaturas dos seus três administradores: o então provedor Edmundo Martinho, Francisco Pessoa e Costa e Ricardo Gonçalves.

Com Lusa

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