Sector automóvel ameaça com desinvestimentos em Portugal por causa dos impostos dos híbridos

Em entrevista ao Negócios/Antena 1, representantes dos construtores e dos comerciantes mostram-se furiosos com o PAN, que conseguiu reduzir os benefícios fiscais aos carros híbridos no novo OE2021.
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Os construtores automóveis presentes em Portugal podem começar a "repensar os investimentos industriais no país" caso o mercado das vendas recue de forma drástica por causa do corte nos benefícios fiscais dos carros híbridos, ameaçou o representante das empresas do setor e do comércio automóvel em entrevista conjunta ao Jornal de Negócios e à Antena 1.

De acordo com Helder Pedro, o secretário-geral da Associação Automóvel de Portugal (ACAP), a redução dos benefícios fiscais para a compra de híbridos, medida que foi aprovada no novo Orçamento do Estado de 2021, podem levar os fabricantes a reduzirem investimentos no país.

"Um construtor poderá repensar os investimentos industriais no país" num cenário em que haja uma redução drástica do mercado automóvel português, diz o responsável na entrevista.

Recorde-se que nas votações finais do OE2021, no final de novembro, o Parlamento aprovou uma limitação aos incentivos fiscais dos carros híbridos e híbridos 'plug-in'. A proposta que passou veio do PAN.

O partido Pessoas, Animais, Natureza argumenta que a redução dos benefícios a este tipo de veículos deve-se ao facto de os híbridos não terem autonomia suficiente e de serem ainda pouco eficientes do ponto de vista ecológico.

A proposta aprovada pelo Parlamento exige que os híbridos convencionais tenham no mínimo 50 quilómetros de autonomia em modo elétrico para serem abrangidos pela redução do Imposto Sobre Veículos (ISV), por exemplo.

Ou seja, segundo a nova lei, os híbridos não são assim tão amigos do ambiente para beneficiar de um regime fiscal tão favorável como o que está ainda em vigor.

O líder da ACAP considera que a alteração espoletada pelo PAN "terá um forte impacto nas vendas deste tipo de veículos".

Este tipo de carros que combinam motor movido a combustível e energia elétrica vale cerca de um quinto do mercado em Portugal. "Neste momento são cerca de 20% as vendas de híbridos [convencionais] e híbridos plug-in e certamente reduzir-se-á para menos de metade", prevê Helder Pedro, segundo o Negócios.

Recorde-se que o PAN avançou com a proposta para cortar nestes benefícios fiscais, mas à última hora suavizou um pouco a sua proposta, alargando o número de beneficiários da benesse fiscal.

A ACAP não aceita e diz que a alteração à lei foi um "erro grosseiro". Na mesma entrevista, Helder Pedro diz que vai fazer queixa à Provedora de Justiça e à Comissão Europeia.

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