Sei o que não fizeste o verão passado

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Quando todos pensávamos que a transformação digital era um processo que levaria uns anos, com adaptações ponderadas e pensadas, incessantes reuniões e relatórios, tudo mudou no espaço de um mês. Menos. Quinze dias.

O primeiro confinamento deve ficar na história moderna da economia portuguesa como o momento de tomada de posse do ministro sombra da Transformação Digital.

Os saltos tecnológicos são por vezes feitos assim mesmo, fruto de um evento inesperado. Mas isto nós já sabemos. A questão é que o Senhor Sombra Ministro da Transformação Digital voltou a dar um ar da sua graça mas com muito menos sucesso. Porquê?

Porque durante o verão, logo após o primeiro confinamento o primeiro grande desafio colocado aos líderes executivos e às organizações privadas e públicas, obrigava a uma mudança drástica. O exame fora feito pela pandemia. Pediam-se decisões.

As lideranças foram chamadas a tomar uma decisão que muitos andam a evitar há anos: mudar a forma como as suas organizações estavam preparadas para a Era Digital.

Um líder sabe que a diferença entre a recuperação ou destruição de valor na sua empresa está na capacidade de acelerar os processos que possibilitem colocar de forma mais rápida os seus produtos no mercado. Sabe que tem de deitar abaixo barreiras internas à inovação e sobretudo garantir que a liderança se envolve nessas decisões e não fica à espera de uma reunião quinzenal, porque simplesmente vai ser tarde demais.

Quase um ano depois somos confrontados com um segundo confinamento. Uma nova oportunidade para agir e tomar decisões concretas: Estabelecer um roteiro de transformação da sua empresa numa organização capaz de mudar as prioridades e aumentar a velocidade de entrega, integrando efetivamente o desenvolvimento de produto e a entrega de produto.

E sobretudo fazer algo que não foi feito durante este verão por demasiadas empresas. Os decisores têm de garantir que estão em permanente ligação com o processo de transformação da sua empresa, que são capazes de explicar aos seus colaboradores como as ações de cada um deles estão totalmente integradas na estratégia global.

Este é o tempo de líderes e não de chefes. É um tempo que exige coragem, ação e não contemporizações confortáveis para com a estafada frase "ah isto é capaz de ser complicado". Porque não é. A vida e infelizmente a morte de muitos negócios, provou que não é complicado. Não é um mistério ou uma questão metafísica. É uma questão de decidir mudar.

Pois então, vamos mudar. E mudar já.

Luís Gonçalves, consultor e um empreendedor

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