Especializada no desenvolvimento de residências para estudantes e profissionais, a Smart Studios está prestes a dar o pontapé de saída do plano de investimentos para os próximos três anos, que ascende a 130 milhões de euros. Dentro de dois meses, a empresa arranca com a construção do projeto de coliving na Asprela, um dos principais polos universitários do Porto. O edifício terá 280 apartamentos para arrendar, entre estúdios e T1, e áreas como salas de reunião, de estudo, de jantar, zonas de lounge, ginásio e um espaço para a prática de fitness e yoga. Segundo Vera Kendall, administradora da empresa, o empreendimento deverá estar operacional em julho de 2022.
A crise pandémica não suspendeu os planos de desenvolvimento deste negócio, muito procurado por universitários e jovens trabalhadores entre os 25 e os 35 anos. A Smart Studios, que tem atualmente dez empreendimentos em operação, tem também em cima da mesa a construção do projeto da Alta de Lisboa. Como adianta a responsável, esta unidade será dividida em dois edifícios, com arquiteturas distintas para responder aos diferentes tipos de clientes, e contará com 637 estúdios e T1, salas de estudo, de coworking, de cinema e de restauração, e estacionamento para carros e bicicletas. A inauguração está prevista para 2023.
Em carteira para os próximos três anos, estão ainda os projetos para o Areeiro e o Príncipe Real, em Lisboa. Mais recentemente, a empresa ganhou um concurso público da Escola de Hotelaria e Turismo do Estoril para a exploração de uma residência de estudantes neste campus universitário e adquiriu um terreno na Ajuda, em Lisboa, onde irá construir um novo edifício com cerca de 290 alojamentos, adianta Vera Kendall. Conforme sublinha a gestora, o racional para o desenvolvimento destes projetos assenta em localizações próximas de "universidades, grandes empresas ou parques de escritórios e transportes públicos".
Mais teletrabalho, menos alunos: covid mudou perfil
O ano de 2020 e o confinamento da primavera obrigaram a empresa a adaptar o negócio à nova realidade. Vera Kendall revela mesmo que o encerramento das universidades traduziu-se numa diminuição do número de estudantes alojados nas unidades Smart Studios, mas essa redução acabou por ser compensada por profissionais que optaram por ficar nos empreendimentos da rede em regime de teletrabalho. Segundo a administradora, registou-se uma alteração no perfil do residente que até então se repartia de forma idêntica entre estudantes e profissionais. Com a crise pandémica, acabou por se registar uma maior predominância de trabalhadores (70%). "O coliving acaba por ser a solução ideal para esta nova realidade. Os nossos residentes têm a opção de trabalhar sozinhos nos seus estúdios com secretária, wi-fi, wc privados e kitchenette de forma a não terem de sair de casa, mas também contamos com amplas salas de estudo que permitem a utilização, garantindo as devidas distâncias de segurança", frisa.
A confiança neste produto imobiliário, também para estes tempos de pandemia, não travou os investimentos em curso e, no ano passado, entraram em operação mais dois projetos Smart Studios em Lisboa, num investimento superior a 22 milhões de euros. Em Carcavelos, foi inaugurado em junho de 2020 um edifício com 301 apartamentos, divididos entre estúdios e T1, com terraços com vista para o mar, várias zonas comuns para estudar e trabalhar, salas de jantar, estacionamento e hortas comunitárias. Já em setembro, abriu o empreendimento Santa Apolónia, com 114 apartamentos, terraço com vista para o rio e piscina, a que se soma a disponibilização de diversos espaços comuns. A gestão e fiscalização destas duas obras ficaram a cargo da Tecnoplano, que assegurou a continuidade dos trabalhos e a segurança dos trabalhadores envolvidos e conseguiu inclusive antecipar prazos de conclusão.
A Smart Studios tem atualmente dez empreendimentos em operação - nove em Lisboa e um em Coimbra -, num total de 630 apartamentos, sendo que 470 estão alugados. E Vera Kendall sublinha que as taxas de ocupação comprovam a resiliência deste negócio.
A empresa foi criada em 2015 pelo marido, Ricardo Kendall, que após a venda das oficinas de carros do grupo Midas decidiu investir nesta atividade. Três anos volvidos, já explorava 212 apartamentos e garantia uma taxa de ocupação anual de 99%. Foi nesse ano que o fundo internacional LX Partners entrou no capital da Smart Studios, adquirindo 45% da empresa e dando maior fôlego financeiro para o desenvolvimento desta rede de pequenos apartamentos.