Um programa de investigação que será transmitido na quinta-feira pela France 2, canal de televisão pública francês, e de cujo conteúdo foram hoje divulgados alguns dados, dá a conhecer o método como Dominique Strauss-Kahn (DSK) -- como é conhecida em França, tem utilizado para furtar-se a pagar impostos neste dois últimos anos.
Uma jornalista da rádio e televisão francesas, que trabalhou durante meses nos 'Pandora Papers', irá revelar no programa de televisão os esquemas fiscais de Strauss-Kahn (DSK), de 72 anos, que foi ministro das Finanças entre 1997 e 1999 e uma figura de destaque no FMI entre 2007 a 2011, antes de deixar o cargo após uma acusação de violação.
Em 2013, Strauss-Kahn criou em Marrocos uma empresa de consultoria, a Parnasse International, de que é o único acionista e que não tem nenhum trabalhador.
A empresa foi criada em Casablanca Finance City, uma zona especial criada em Marrocos para atrair investimentos com a isenção de impostos sobre os lucros durante os primeiros cinco anos e, a partir daí, aplicar-se-ia uma taxa de imposto de apenas 8,75%.
Esta taxa contrasta com os 30% em vigor em Marrocos e com a taxa de 33,18% no caso da França.
Durante esses cinco anos, Strauss-Kahn poupou no pagamento de impostos ao Estados francês 6,163 milhões de euros, segundo um especialista consultado pelos investigadores.
O próprio DSK teria contribuído para a criação do quadro jurídico do esquema fiscal em Casablanca (Marrocos), pelo qual teria recebido 2,4 milhões de euros.
Este mecanismo criado pelo DSK colocou Marrocos na lista negra dos paraísos fiscais durante quatro anos, lembra a França 2.
Em 2018, após os cinco primeiros anos, Strauss-Kahn deixou de operar em Marrocos e criou uma nova empresa, a Parnasse Global Limited nos Estados Unidos.
A própria jornalista viajou para os Estados Unidos, fingindo ser uma executiva sénior à procura de um paraíso fiscal, e uma empresa local ofereceu-se para ajudá-la a criar uma empresa opaca às autoridades francesas em apenas 48 horas e pelo modesto montante de 2.000 euros por ano.
A empresa não seria criada no Dubai, mas noutro emirado menos conhecido, Ras al Khaimah, como fez Strauss-Kahn, uma vez que neste emirado não há um registo público de empresas e todas as informações sobre as empresas (acionistas, faturação, e quem lidera) são secretas.
A investigação também revelou a identidade de alguns dos clientes de Strauss-Kahn, entre 2016 e 2017, incluindo vários líderes africanos, alguns dos quais também estão na 'Pandora Papers'
O seus clientes pertencem também à gigante petrolífera russa Rosneft (liderada por Igor Sechin, próximo do presidente Vladimir Putin) e o grupo empresarial chinês HNA.