O novo chairman e CEO da TAP, Luís Rodrigues, afirmou esta sexta-feira que TAP e governo são "duas coisas separadas", expressando a vontade de manter uma separação entre a gestão da companhia e a ação governativa..À chegada à sede da companhia a área, naquele que é o primeiro dia em que exerce as novas funções vindo da SATA, o gestor foi interpelado pela comunicação social. Segundo as imagens transmitidas pelas televisões generalistas, Luís Rodrigues defendeu: "A TAP faz a gestão da companhia, o governo faz a gestão do que tiver de fazer. As duas coisas são separadas, ponto. É natural que assim seja. É assim que os estatutos determinam, não há outra forma de fazer as coisas"..Surpreendido por ter jornalistas à sua espera, o gestor realçou ainda: "Eu não sou um jogador de futebol, nem uma estrela de cinema. Sou um tipo que está aqui a trabalhar e que tem de resolver os problemas dos passageiros e dos trabalhadores". .Questionado sobre a exigência dos sindicatos, que numa carta aberta pediram o fim dos cortes salariais e reintegração dos despedidos na TAP, o novo CEO garantiu que vai falar, "sem tabus", com as estruturas sindicais. "Tenho a mesma esperança que eles que é resolver isto o mais depressa possível e o melhor possível", disse..Contudo, não deu garantias quanto ao fim dos cortes salariais e à reintegração dos despedidos. "Tenho de olhar para aquilo [este tema] com carinho, com detalhe e falar com os sindicatos"..Luís Rodrigues tomou posse das novas funções na TAP esta sexta-feira. Transita assim da Sata para a TAP, tendo antes passado pela Nova School of Business and Economics. Na TAP já tinha sido administrador executivo entre 2009 e 2014. Esteve ainda na Media Capital e na PT Comunicações e, entre 2003 e 2008, foi presidente executivo da Fisher Portugal..De acordo com a agência Lusa, na quinta-feira, Christine Ourmières-Widener, antecessora de Luís Rodrigues, disse aos trabalhadores, numa carta enviada aos trabalhadores, ser "com imensa tristeza" que deixa a companhia, que está mais forte e tem uma posição geográfica privilegiada..Na missiva, a gestora escreveu que os dois últimos anos foram "intensos e desafiadores, de trabalho árduo em conjunto com as equipas mais competentes e dedicadas" que conheceu..O governo anunciou a exoneração de Christine Ourmières-Widener e do então presidente do Conselho de Administração, Manuel Beja a6 de março, depois de divulgados os resultados de uma auditoria da Inspeção-Geral das Finanças, que concluiu que o acordo para a saída de Alexandra Reis é nulo e grande parte da indemnização de perto de meio de milhão de euros terá de ser devolvida..A polémica começou no final de dezembro, altura em que o Correio da Manhã noticiou que a então secretária de Estado do Tesouro tinha recebido uma indemnização de cerca de 500 mil euros para sair dois anos antes do previsto da administração da companhia..O processo foi negociado ao abrigo do código das sociedades comerciais, quando a TAP está abrangida pelo estatuto do gestor público..O caso motivou uma remodelação no Governo, incluindo a saída do ex-ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos..A comissão parlamentar de inquérito à TAP ouviu as primeiras personalidades nas últimas semanas, incluindo Christine Oumières-Widener, Manuel Beja e Alexandra Reis, com revelações que fizeram aumentar a pressão sobre o Governo de António Costa..Na mira estão os ministros das Finanças, Fernando Medina, dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, e das Infraestruturas, João Galamba, depois da presidente executiva da TAP ter confirmado uma denúncia da Iniciativa Liberal sobre uma reunião com o grupo parlamentar do PS, na véspera da audição parlamentar, em janeiro.