Tebas e La Liga declaram guerra à pirataria na ONU

Patrão do futebol profissional espanhol fala nos prejuízos milionários causados pelo streaming, _o maior desafio do desporto mundial hoje em dia.
Javier Tebas, presidente de La Liga. Foto: Piaras Ó Mídheach / Web Summit via Sportsfile
Javier Tebas, presidente de La Liga. Foto: Piaras Ó Mídheach / Web Summit via Sportsfile
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O maior inimigo de Javier Tebas está encontrado: o streaming ilegal. Em comunicação na Assembleia Geral da ONU, o todo poderoso e controverso presidente de La Liga chamou o problema de “praga” e de “maior desafio do mundo do futebol e da indústria do desporto em geral” e ainda acrescentou números. “Cerca de 700 milhões de euros perdidos a cada época”, afirmou.

Tebas disse, em conversa com a revista Forbes no escritório de La Liga em Chelsea, zona oeste de Londres, que o futebol espanhol combate a pirataria por vídeo há já 11 anos mas que foi nos últimos meses que se tornou a sua principal obsessão

Graças à decisão de um tribunal espanhol, a liga espanhola conseguiu descobrir o primeiro e o último nome de adeptos que viram jogos de forma ilegal em sites piratas de streaming e pôde puni-los com multas de 450,16 euros. Segundo Tebas, “uma vasta maioria dos fãs aceitou pagar e deixou de piratear jogos a partir daí”.

Se para o adepto comum, assistir a um jogo num streaming pirata é apenas uma oportunidade para poupar um punhado de euros, para a liga e para os clubes, dos quais os infratores são, na maioria das vezes, apaixonados seguidores, o prejuízo é colossal por afetar os acordos multimilionários com emissoras de televisão: são 300 milhões de euros perdidos por culpa de fãs, que vêm jogos ilegais, só em Espanha, e 400 milhões à conta de adeptos, do Real Madrid, do Barcelona e dos outros, espalhados mundo afora, completando os tais 700 milhões.

Na ONU, o dirigente espanhol sublinhou que o problema não é só dele nem do país dele - é global. Aliás, no ano passado, a UFC, organização de combates de artes marciais mistos, a NBA, campeonato norte-americano de basquetebol, e a NFL, liga norte-americana da versão local de futebol, assinaram um comunicado, entregue ao departamento de patentes e comércio dos Estados Unidos, em que calculavam uma perda de 28 mil milhões de dólares em receita potencial adicional para as entidades, equipas e atletas por causa dos streamings ilegais.

Segundo a Forbes, a VFT, uma empresa especializada na fiscalização de streamings piratas, detetou que mais de 17 milhões de adeptos assistiram ao último Super Bowl, a final anual do campeonato de futebol americano, ilegalmente. Em paralelo, 35% adeptos desse desporto admitiram, sob anonimato numa pesquisa, assistir a jogos em sites piratas.

“Se a questão da pirataria não muda em dois anos, os direitos televisivos vão decrescer, os salários dos jogadores vão decrescer e alguns clubes vão desaparecer”, adverte Tebas.
Mas esse inimigo - streaming piratas - quem é? Tem cara? Tem nome? Segundo Tebas, sim e muito conhecido: chama-se Google, por onde 90% das buscas pelos streamings piratas se verificam. E dá para vencê-lo, garante. Da Argentina um alento para Tebas e as organizações desportivas: uma recente ordem de tribunal mandou o motor de busca bloquear esses sites, nomeadamente a Magis TV, um dos mais famosos. Tebas acredita que, com esse precedente no país sul-americano, as decisões judiciais se vão estender ao resto do globo.

“O Google é forte mas nós somos pesados”, concluiu o dirigente espanhol na conversa com a Forbes. Porém, se as organizações desportivas mundiais tiverem a bênção dos governos nacionais, tanto melhor, razão pela qual ele foi à ONU pedir apoio institucional. 

NÚMEROS 

700 000 000

Valor estimado, em euros, que La Liga perde por época com streamings piratas

 17 000 000

Número de pessoas que viu o último SuperBowl de forma ilegal, segundo a empresa de fiscalização VFT

 450,16

Preço, em euros, das multas aplicadas aos espanhóis que viram jogos em sites piratas 

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