A Touro Capital Partners, sociedade portuguesa de capital de risco, está a comercializar o Fundo Touro I com o objetivo captar 100 milhões de euros para adquirir "posições de controlo em negócios maduros, com baixo nível de endividamento e com potencial de transformação operacional no setor de produtos industriais e negócios auxiliares" a operar em Portugal..Com vasta experiência em todo o ciclo de capital de risco (investimento, gestão e desinvestimento), com especial enfoque nas funções financeiras e operacionais, a equipa fundadora - Josep Piqué Camps, Manuel Alves Gomes, Miguel Vodrazka de Miranda e Paulo Pio Correia - identificou já uma shortlist de empresas alvo, que permitirá alocar rapidamente o capital e perspetivar maior liquidez para os Investidores durante a fase de desinvestimento do fundo. "A carteira de investimentos será composta por negócios saudáveis, com baixo nível de endividamento e diversificado por subsetores", de forma a reduzir o risco para os investidores..Seendo a Touro um fundo buy-out, encontra-se assente em duas alavancas de valor, uma ao nível dos rendimentos, com forte aposta nos mercados exportadores, e outra a nível operacional, com a implementação de um plano de transformação proprietário, permitindo expandir a margem, assim como, melhorar os retornos para os investidores nas saídas e cumprir com a duração prevista do fundo, explica a empresa..Ao Dinheiro Vivo, Paulo Pio Correia, membro da Comissão Executiva da Touro Capital Partners, explica as razões e o momento de lançamento do fundo e o que esperam dele..Faz sentido nesta altura - entre crise pandémica e chegada dos primeiros fundos europeus - lançar um fundo de investimento com as características do Touro I, da Touro Capital Partners? A crise pandémica como outras crises passadas tem como denominador comum a redução da liquidez. No entanto, a crise pandémica, ao contrário de outras, registou um corte abrupto da procura e uma forte instabilidade nas cadeias de fornecimento. Os fundos europeus destinados a combater os impactos negativos desta crise, têm como principal objetivo recuperar os níveis de performance e económicos registados antes da pandemia. O PRR, aparentemente, tenderá, em grande parte, a ser alocado na modernização do setor público. Acresce também o facto que as empresas que poderão beneficiar destes fundos não vão resolver os seus problemas endémicos de baixa produtividade, uma vez que a gestão nem sempre é profissional ou sofisticada, os negócios não têm escala (exportações) e os processos produtivos não se encontram otimizados (redução do custo unitário de produção). Convém também destacar que os investimentos realizados por um fundo de capital de risco não só reforçam a estrutura dos capitais próprios das participadas, assim como, são mais criteriosos na alocação do capital (CAPEX), incluindo os fundos europeus. Deste modo, um fundo de capital de risco focado no setor de produtos industriais (bens transacionáveis) é atualmente (pós pandemia) crítico para a recuperação, dinamização e modernização do tecido produtivo do país. Assim, entendemos que mais do que nunca faz sentido que as empresas portuguesas possam optar e beneficiar de vários instrumentos de capital, incluindo os fundos de capital de risco, para além dos fundos públicos, uma vez que os fundos de capital de risco permitem que as empresas beneficiem de uma gestão mais profissional e rigorosa, assim como, otimizar as operações (redução do custo unitário de produção), alocar de forma mais eficiente o capital, obter ganhos de escala (crescimento nos mercados exportadores) e consequentemente melhorar a performance (rendimentos, expansão da margem e resultado operacional) e a sua posição financeira..Há boas oportunidades aqui? Em Portugal existem boas empresas com um enorme potencial de crescimento e no atual contexto europeu de reindustrialização, podem e devem assumir um papel de relevo na recuperação da economia nacional, bem como contribuir para uma redução da dependência industrial da Europa face aos blocos Asiático e Americano, ie, uma tendência de nearshore em detrimento de offshore, como acontecia antes da crise pandémica. Acreditamos também que a proximidade e conhecimento que as Sociedades de Capital de Risco têm da realidade das empresas em Portugal (no nosso caso, o setor de produtos industriais), vai contribuir decisivamente para uma alocação mais eficiente e tangível dos fundos europeus, garantindo dessa forma melhorias significativas na competitividade e produtividade das empresas..Qual é o principal objetivo do fundo, quer em perfil de empresas quer em número de empresas em que querem investir? O objetivo do fundo é o de adquirir posições de controlo em cinco a sete empresas industriais, com modelos de negócio comprovados e sólidos e com baixo nível de endividamento, onde o nosso programa de transformação possibilite uma otimização operacional e, consequentemente, aumento das margens que em conjunto com um esforço de maior internacionalização/exportação permita a essas empresas ganhar dimensão e estarem melhor preparadas para capitalizar nas oportunidades que a revolução digital vai criar. O principal objetivo do fundo é aumentar a produtividade (expansão da margem) e a primeira linha de rendimentos (volume de negócios) das participadas. O perfil das participadas a adquirir serão empresas com modelos de negócio comprovados e sólidos e imperativo de mudança, ie, o negócio demonstra abertura, resiliência, compromisso e abertura para ultrapassar barreiras disruptivas. O fundo Touro I pretende adquirir para a sua carteira de investimentos entre 5 a 7 participadas em que assumirá posições de controlo..Como será feito e recuperado o investimento - modelo de negócio e vantagens para a TCP e para as empresas em que venham a intervir? O investimento será realizado através de uma lista proprietária de potenciais alvos, fruto do trabalho desenvolvido anteriormente pela equipa da Touro CP. Essa lista é constantemente reavaliada onde, fruto da dinâmica económica, novas oportunidades serão adicionadas em detrimento de outras empresas que sairão. Cada investimento seguirá um rigoroso processo de aprovação quer ao nível governativo quer ao nível técnico e com base em três possíveis estratégias, a saber: (i) build-up, (ii), buy-transform-out e (iii) buy-grow-out. Relativamente à fase de desinvestimento "recuperação do investimento", a estratégia que a TCP vai seguir é a seguinte: venda ao consolidador seguinte a clientes ou fornecedores da participada, oportunista ou iniciar um processo estruturado de venda. Por último, optou-se por um modelo de liquidez mais favorável para os Investidores, na medida em que o regulamento do fundo prevê que quando é realiza uma venda (fase de desinvestimento), o produto da venda é imediatamente distribuído aos investidores. O nosso modelo de negócio, passa por aumentar os rendimentos (exportação) e implementar um programa de transformação proprietário em conjunto com os nossos parceiros estratégicos (engenharia industrial) com o objetivo de aumentar a produtividade das unidades de produção e consequentemente a margem bruta (expansão da margem) As vantagens para a TCP são as seguintes: (i) capitalização da sua reputação enquanto sociedade gestora e (ii) entrega dos retornos esperados aos Investidores. Relativamente às participadas as vantagens passam por garantir aumento de escala, melhor performance, maior produtividade e maior reconhecimento da marca..Pretendem esgotar os 100 milhões em quanto tempo? E há possibilidade de reforçar esse valor ou lançar novos fundos? A TCP pretende alocar parte importante dos 100 milhões à carteira de investimentos, e como referido temos as condições de alocar o capital do fundo num curto espaço de tempo (até um máximo de quatro anos), não estando previsto nenhum reforço para além do limite máximo estabelecido dos 100 milhões. A nossa estratégia a médio prazo, passa por lançar fundos subsequentes com âmbito geográfico mais alargado e de maior dimensão, sabendo que o nosso programa de transformação está também alinhado com as necessidades das PME da região sul da Europa, nomeadamente Espanha, que de forma generalizada se encontram atrasadas no processo de preparação para capitalizarem nas oportunidades criadas pela revolução digital (4.0), e que o programa de transformação proprietário da Touro Capital Partners, poderá dar um contributo importante para as preparar melhor para esse desígnio.