Transferir crédito pessoal para outro banco: quanto poupa?

Caso tenha solicitado um empréstimo ao consumo em anos recentes e esteja a suportar uma TAEG elevada, sabia que poderá obter poupanças avultadas se transferir o crédito pessoal para outro banco?
Reinaldo Rodrigues/Global Imagens
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Com o aumento das taxas de juro verificada nos últimos anos, a transferência de crédito poderá permitir economizar vários milhares de euros em juros. Saiba como neste artigo do ComparaJá.

Consumidores têm direito a reembolsar antecipadamente o seu empréstimo

Mediante um pré-aviso, com um prazo mínimo de 30 dias, qualquer cliente bancário em Portugal tem o direito de reembolsar, seja na sua totalidade ou apenas parcialmente, o montante em dívida no seu empréstimo antes do prazo. A este reembolso antecipado do crédito corresponderá uma redução do seu custo total, por via da redução dos juros e dos encargos do período remanescente no contrato.

Neste âmbito, poderá ser cobrada uma comissão por parte da entidade bancária credora a título de compensação pelo pagamento antecipado. No entanto, tal é exclusivamente aplicável aos contratos com base na modalidade de taxa fixa, que, em Portugal, é a solução mais comum no crédito ao consumo.

Existindo bancos que, inclusivamente nos contratos a taxa fixa, não cobram aos seus clientes esta comissão, os encargos pelo reembolso antecipado não poderão ser superiores a:

  • 0,5% do valor em dívida, caso o período entre a data de reembolso e a de termo do contrato de crédito seja igual ou superior a um ano;
  • 0,25%, caso se trate de um período inferior a um ano.

Conforme a legislação em vigor, esta comissão nunca poderá ultrapassar o valor dos juros que o cliente teria de suportar durante o período decorrido entre o reembolso antecipado e a data estipulada para o termo do contrato.

Isto permite que quem detenha um crédito ao consumo possa, portanto, optar pela transferência do seu financiamento para outro banco e assim beneficiar de melhores condições conforme a evolução da oferta no mercado.

Num processo similar ao de um crédito imobiliário, a nova instituição credora concede ao consumidor o montante equivalente ao valor em dívida na instituição onde originalmente contraiu o empréstimo para que este faça o seu reembolso antecipado.

Quanto custa transferir crédito pessoal para outro banco?

Além da possível comissão de reembolso antecipado, o processo de transferência do financiamento para outro banco poderá acarretar custos associados à contratualização do novo empréstimo.

Além do Imposto do Selo de 1,76% sobre o valor do crédito contraído, entre os custos que o consumidor poderá ter de fazer face incluem-se a comissão de dossê/estudo (cuja designação poderá ser também de comissão de análise de processo) e a comissão de contratação/abertura (igualmente denominada de comissão de formalização).

De notar que há instituições que, de forma a atrair novos clientes, não cobram qualquer comissão inicial.

Quanto posso poupar ao transferir crédito pessoal para outro banco?

Atente no caso do Nuno, que pediu um crédito pessoal de 30 mil euros a 120 meses (10 anos). Na altura, este professor universitário obteve uma TAEG de 14,3%.

Passados três anos, o Nuno está a equacionar a transferência do empréstimo para outra instituição bancária para aproveitar a descida nas taxas de juro.

Primeiro, identificou o valor que tem por liquidar para, depois, poder calcular quanto poderá poupar. Analisando os seus extratos bancários, o professor percebeu que ainda lhe faltavam cerca de 25 mil euros de capital em dívida. A partir daí, procedeu a uma simulação para obter as melhores ofertas do mercado.

Depois de receber as propostas, o Nuno concluiu que poderia baixar consideravelmente a taxa de juro ao transferir o crédito pessoal para outro banco: teve propostas com TAEG desde 9% até 11%.

De seguida, procedeu aos cálculos efetivos das poupanças potenciais. E fê-lo com base no cenário mais conservador: uma TAEG de 11%.

Apesar de o Nuno ter obtido propostas que o isentavam de comissões iniciais, uma vez mais, de forma conservadora, fez as contas considerando custos com a comissão de reembolso antecipado e com as comissões e impostos iniciais associados ao novo contrato de crédito.

A tabela abaixo resume as suas conclusões:

O Nuno concluiu que, no pior dos cenários, poderá poupar mais de 1600 euros. Caso avance com a melhor oferta, que pressupõe uma TAEG de 9% e a inexistência de comissões iniciais, este valor mais do que duplica.

Se, à semelhança do caso apresentado, também solicitou um empréstimo e está a suportar uma TAEG superior à atualmente praticada no mercado, deverá ponderar a transferência do crédito pessoal para outro banco. Além da redução das taxas de juro, poderá inclusivamente ajustar as condições do empréstimo, nomeadamente ao nível do prazo de reembolso.

Este artigo de Finanças Pessoais resulta de uma parceria do ComparaJá com o Dinheiro Vivo, com publicação semanal.

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