Transição para o meio digital: a oportunidade para a maior competitividade das empresas portuguesas

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Na atual era pós-moderna, têm sido pouco abordados o potencial dos metadados e a transição do suporte físico para o digital nos modelos de gestão e na organização segura dos arquivos públicos e privados. Neste âmbito, o desconhecimento da modernização tecnológica é uma barreira que pode obstruir a maior competitividade da economia nacional.

Segundo as estatísticas mais recentes do Índice de Digitalidade da Economia e da Sociedade (IDES), publicado pela Comissão Europeia, Portugal tem um caminho longo a percorrer no que se refere à valorização e à análise dos dados recolhidos no dia-a-dia das empresas. Em termos concretos, existem ainda incertezas e perceções erradas sobre a desmaterialização documental, ou seja, a passagem do formato físico para o digital.

A sociedade portuguesa é consideravelmente tradicional, focada no formato material, nomeadamente em papel, o que impede uma melhoria contínua dos serviços disponíveis ao cidadão, colocando a produtividade aquém da sua total capacidade. Qualquer mutação no sistema documental em estruturas que funcionam de forma igual há décadas é um desafio hercúleo que exige incentivos, redes e sistemas adequados, especialmente num assunto tecnologicamente tão emergente como este.

É neste contexto que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que contará com cerca de 650 milhões de euros disponíveis em matéria digital até 2026, pode ser a oportunidade adequada para que as organizações portuguesas tenham o impulso necessário na alocação de fundos que facilitem a renovação da administração empresarial. Uma vez que o progresso é prioritário, já que pode tornar as nossas entidades mais eficientes, é necessário apostar numa literacia que permita compreender as vantagens da atual mudança.

Entre diversas mais-valias que devemos divulgar, encontramos a automatização de processos, através de métodos baseados em algoritmos e na inteligência artificial, simplificando tarefas consideradas burocráticas, que vão facilitar o acesso à análise, a agilização de procedimentos e consultas, além da inequívoca dinâmica na maior acessibilidade, resposta e rapidez em determinadas metodologias de trabalho. A nível ambiental, não há dúvidas de que, a longo prazo, teremos dividendos substanciais através da redução da pegada ecológica e da proteção dos recursos naturais, em particular, graças ao menor consumo de papel.

Além destes ganhos evidentes, a modernização digital assegura uma transferência inviolável de dados entre diferentes suportes, garante a mesma confidencialidade do arquivo físico e permite personalizar a informação dos documentos que pretendemos partilhar.

Considerando os claros proveitos na transformação do contexto documental, Portugal, em convergência com as suas estruturas institucionais e políticas, deve empenhar-se em capitalizar o financiamento disponível para reforçar as bases dos serviços de amanhã. Nesse futuro, a faculdade de reunir e transferir dados do suporte físico para o digital será regeneradora.

José Henrique, administrador da Reisswolf Portugal

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