Trump anima mercados nos EUA, Europa arrefece

Índices americanos dispararam e dólar valorizou-se face ao euro. No Velho Continente teme-se o impacto de medidas protecionistas prometidas pelo candidato republicano.
Investidores nos Estados Unidos reagiram positivamente à vitória de Trump nas eleições. Foto: Getty Images via AFP
Investidores nos Estados Unidos reagiram positivamente à vitória de Trump nas eleições. Foto: Getty Images via AFP
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Os principais índices bolsistas norte-americanos (Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq) atingiram máximos históricos  e o dólar valorizou face ao euro - a vitória de Donald Trump ontem nas Presidenciais norte-americanas animou os investidores do outro lado do Atlântico, na expectativa de virem a ser cumpridas as promessas de corte de impostos e desregulamentação. Mas Trump também apontou na campanha para a subida das taxas aduaneiras nas importações, e para uma política menos simpática para as energias renováveis, o que fez com que na Europa o resultado fosse recebido sem entusiasmo, incluindo em Lisboa.

A praça portuguesa encerrou no vermelho, com o índice PSI a tombar 3,27%, penalizada pelas ações da EDP Renováveis, que caíram 11,08% em dia de apresentação de resultados trimestrais (ver texto da página 18). Madrid perdeu 2,90%, Milão caiu 1,54%, Frankfurt desvalorizou 1,13%, e Paris e Londres fecharam a sessão também com quedas, embora mais moderadas, de 0,51% e 0,07%, respetivamente.

Já o euro, às 6.00 da tarde de ontem, seguia a valer 1,0728 dólares, quando na véspera cotava a 1,0929 dólares. Johanna Kyrklund, da gestora de ativos Schroders, numa nota enviada às redações, considera que, “no curto prazo, uma posição de protecionismo comercial vai suportar o dólar norte-americano e representa um risco para o crescimento fora dos Estados Unidos”, nomeadamente na Europa e na China. Para a Europa será pior, diz a Schroders, porque “poderá ser apanhada num ambiente comercial mais hostil, sem a liderança unificada que é necessária para o enfrentar”.

A Administração Trump pode vir a impor tarifas de 10% a produtos europeus, por exemplo, no setor automóvel, agravando ainda mais o cenário nesta indústria que começa a dar sinais de fragilidade. Mas também noutras áreas, como nos setores alimentar, do têxtil e vestuário e do calçado, afetando as exportações portuguesas para os Estados Unidos. 

O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos, avisou ontem que a política de Donald Trump pode ter consequências negativas para a economia mundial. “Tarifas, barreiras comerciais, protecionismo, vão ser prejudiciais para a economia global”, disse De Guindos numa conferência em Londres, citado pela Agência Reuters. O responsável do BCE acrescentou que tem “esperança que as decisões tomadas não conduzam a uma guerra comercial”. 

Se Trump aplicar as medidas económicas prometidas em campanha, a economia norte-americana também vai sofrer, com os economistas a preverem uma nova subida da inflação, em 2025. A Reserva Federal, que amanhã deverá anunciar um corte das suas taxas de juro de 0,25 pontos percentuais, poderá não ir tão longe quanto se antecipava neste ciclo de descidas.


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