Turcos vão comer coelho português já a partir deste Verão

Às vezes basta um pouco de criatividade para dar um novo impulso ao negócio. Os turcos poderão, já a partir deste verão, comer coelho português. Tudo porque a Litoral Coelhos, uma empresa da Tocha, no concelho de Cantanhede, que se dedica ao abate e comercialização de coelhos há 10 anos, sendo um dos líderes do sector em Portugal, escolheu a Turquia para o seu novo mercado de exportação de carne e produtos elaborados de coelho, como hambúrgueres, alheiras e outros enchidos.
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"Já exportamos a carne congelada para diversos países europeus, como Alemanha, Inglaterra, Suíça, Luxemburgo - o mercado da saudade, basicamente - e as peles para Espanha e China. O objetivo agora era encontrar um mercado também para os elaborados de coelho, que não fosse um país produtor e onde não houvesse ainda muita concorrência. A Turquia encaixa-se nesses requisitos, além de ser um mercado com um forte exponencial de crescimento e onde o coelho pode ser uma alternativa saudável à carne de porco e ter, por isso, grande aceitação", explicou ao Dinheiro Vivo o presidente da empresa, Ricardo Tavares.

A ideia é arranjar três ou quatro distribuidores na zona de Istambul, objetivo para o qual estão já a decorrer negociações, e arrancar com o envio de um contentor por mês, o equivalente a 22 toneladas, expandindo depois o negócio à medida da sua recetividade.

Apesar de ainda muito baixas, as exportações de bens de Portugal para a Turquia quase dobraram nos últimos cinco anos, mantendo-se sempre crescentes, ao saltar de 267,1 milhões de euros em 2010 para 403,6 milhões no ano passado. No mesmo período, as importações portuguesas com origem naquele mercado passaram de 321,8 milhões de euros para 387,7 milhões, crescendo pouco mais de 20%, do que resulta um saldo da balança comercial entre os dois países positivo para Portugal em 15,9 milhões de euros.

Neste momento há cerca de 600 exportadores portugueses para a Turquia, mas "poderão ser muitos mais", pois, como lembra o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Portugal Turquia, Rui Couto, "é um mercado onde, pela sua dimensão, há sempre clientes". Atualmente são cerca de 74 milhões de habitantes, com uma média de idade de 28 anos, e as estimativas apontam para 100 milhões em 2010, "10 vezes mais do que Portugal", reforçou.

Em 2014, quase um quinto (24,3%) das exportações portuguesas para a Turquia foram pastas celulósicas e papel, seguidas de máquinas e aparelhos (15,6%), combustíveis minerais (13%), plásticos e borracha (11,5%) e químicos (9,9%). Entre as 10 maiores exportadoras estão empresas como a Celbi, Fisipe, Petrogal, PSA Peugeot Citroën, Portucel e Yasaki Saltano.

Já as importações originárias daquele país foram maioritariamente constituídas por matérias têxteis (24,8%), metais comuns (18,3%), veículos e outro material de transporte (17,6%), máquinas e aparelhos (10,5%) e químicos (8,7%).

O turismo entre os dois países também não é despiciendo, atendendo ao seu forte potencial de crescimento. Nos últimos cinco anos, as receitas de turismo da Turquia em Portugal subiram em média 45,5% ao ano, passando de 5,2 milhões de euros em 2010, para 14,5 milhões de euros no ano passado.

O investimento direto da Turquia em Portugal foi até 2011 (últimos dados) praticamente nulo, atingindo naquele ano os 832 mil euros. No sentido inverso, o valor do investimento acumulado de 2005 a 2011 atingiu 482,6 milhões de euros, existindo cerca de 15 investidores portugueses na Turquia, entre eles, a Ascendum, Grupo Onyria, Inapa, Sonae e Timwe.

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