Aprovar medidas para combater a escalada dos preços do gás natural e da eletricidade nos mercados grossistas está no topo da agenda da União Europeia (UE). Ontem a presidência Checa da UE revelou que o Conselho Europeu da Energia vai reunir-se numa cimeira extraordinária, em Bruxelas, no dia 9 de setembro, para aprovar uma solução europeia que proteja empresas e famílias dos aumentos.
O primeiro-ministro checo, Petr Fiala, numa mensagem no Twitter, disse que "os preços elevados da energia são um problema à escala europeia, que é necessário resolver ao nível europeu". Adiantou também que falou com a presidente da Comissão Europeia (CE), Ursula von der Leyen, para "encontrar uma forma de ajudar pessoas e empresas, com a qual possamos acordar com os líderes europeus".
O chefe de governo Checo já tinha dito anteriormente que estava a reunir apoios para novas medidas, a serem aplicadas por todos os países. Também no Twitter, o ministro checo da Indústria e Comércio, Jozef Síkela, referiu "um fim de semana repleto de negociações", que terá permitido marcar a reunião dos ministros da energia para dia 9.
A convocação da cimeira aconteceu no mesmo dia em que Ursula von der Leyen revelou , numa intervenção pública na Eslovénia, que a Comissão Europeia está "a trabalhar numa intervenção de emergência e na reforma estrutural do mercado da eletricidade". A presidente da CE disse que "precisamos de um novo modelo no mercado de eletricidade que realmente funcione e nos traga de volta ao equilíbrio", porque o atual, defende, "foi desenvolvido noutras circunstâncias e já não serve o propósito".
A Comissão já está a trabalhar numa proposta para a reforma do mercado da eletricidade há um ano, disse um especialista do Instituto para o Desenvolvimento Sustentável e Relações Internacionais de Paris à agência AFP, mas a Comissão enfrentava a resistência de vários Estados-membros. "Há um ano, havia apenas alguns países a favor destas medidas - e alguns eram muito céticos em relação à mudança de arquitetura do mercado de eletricidade. Isso está a mudar", afirma Nicolas Berghmans.
A líder do órgão executivo da União Europeia reafirmou ontem que é preciso acabar com a "chantagem" da Rússia, pondo fim à dependência energética da UE em relação ao país de Putin. E acrescentou que esse caminho já começou com a diversificação das fontes de energia. Segundo von der Leyen, desde janeiro deste ano que os fornecimentos de outras geografias aumentaram em 31 mil milhões de metros cúbicos. "Isto compensa agora os cortes de fornecimento de gás da Rússia à Europa. Também estamos a cortar substancialmente a nossa necessidade de gás importado. Porque temos que nos preparar para uma potencial disrupção total de gás russo", disse.
A líder da Comissão lembrou o pedido aos Estados-membros "para reduzirem o consumo de gás em 15% e poupá-lo para armazenamento. Com isso podemos poupar até 45 mil milhões de metros cúbicos de gás natural".
Há países que já avançaram com medidas para conseguir reduzir o consumo de gás até à primavera do próximo ano. O governo português promete apresentar o plano nacional de poupança ainda esta semana.
carla.ribeiro@dinheirovivo.pt