Quase um em cada quatro inquilinos (24,4%) tem rendas em atraso, conclui um estudo da Associação Lisbonense de Proprietários (ALP), divulgado esta sexta-feira. "Um terço do incumprimento atinge até 3 meses de renda em atraso, mas há uma parcela significativa de 28% dos inquiridos que tem mais de meio ano de rendas a pagamento", revela o barómetro.
Porém, mais de metade dos senhorios com arrendatários incumpridores (54,4%) não tencionam avançar para os tribunais ou instruir despejos. Por sua vez, os seguros de renda, que diminuem o risco do incumprimento no arrendamento, também não convencem os proprietários auscultados: "quase 30% acha os prémios muito dispendiosos e uma fatia de quase 10% não confia nas seguradoras", segundo o mesmo estudo.
De acordo com o barómetro da ALP, "o novo Governo de maioria absoluta do PR não colhe, para já, a confiança dos proprietários de imóveis: mais de 90% não tem confiança no Executivo e quase metade acredita que pode haver a tentação de adotar medidas populistas este ano", como o prolongamento do congelamento das rendas.
Mais de um terço dos proprietários (36%) teme que o Governo mantenha, em 2023, o congelamento das rendas nos contratos anteriores a 1990. Outro terço das respostas (34%) receia mesmo um congelamento administrativo pelo Governo de todas as rendas devido à subida da inflação.
O barómetro "Confiança dos Proprietários" da ALP mostra que quase dois terços dos proprietários inquiridos suportam rendas antigas congeladas, sendo que "a esmagadora maioria da amostra (97,9%) não acredita que o Governo irá ter a coragem política necessária para acabar com o fenómeno que perdura há mais de um século nos contratos de arrendamento celebrados anteriormente a 1990", indica o estudo.
Ainda assim, os maiores receios dos proprietários auscultados neste barómetro "são o aumento da carga fiscal sobre a propriedade imobiliária (que recolheu 69,7% das respostas) e uma maior morosidade nos processos de despejo por incumprimento (expressa por 47,7% dos inquiridos)".
Os proprietários antecipam que, até ao final de 2022, haverá menos imóveis disponíveis, rendas mais caras, e uma adesão marginal aos programas de arrendamento acessível e aos seguros de perda de rendas
A V edição do Barómetro ALP reuniu respostas de 259 proprietários de imóvei, entre os dias 17 de junho e 15 de julho. A maioria dos inquiridos são pequenos proprietários idosos, a partir dos 55 anos, e de "classe média", detendo, no máximo cinco imóveis.