Unicer quer vender 500 mil litros de Água das Pedras no Brasil ainda este ano

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António Pires de Lima quer vender 500 mil litros de Água das

Pedras no Brasil, ainda este ano. Vencidos os "pretextos legais"

que impediram a entrada neste mercado, o acordo entre a Unicer e a

brasileira Barrinhas será assinado sexta-feira e oficializa o

investimento de 600 mil euros da empresa portuguesa, que arrancou no

final do ano passado.

"Começámos a vender Água das Pedras no Brasil há sete

meses mas só agora, vencidos os trâmites administrativos, vamos

oficializar a entrada, com a assinatura da parceria com uma empresa

local", disse ao Dinheiro Vivo António Pires de Lima, presidente

da Unicer. "O mercado brasileiro é muito protecionista. Houve anos

de pretextos legais, alegadamente por razões de saúde, que nos

impediam de comercializar a marca no Brasil e finalmente foram

vencidos no último trimestre do ano passado. Tivemos de convencer as

autoridades brasileiras que a Água das Pedras até faz bem - e

isso demorou uns três ou quatro anos", conta o presidente da

Unicer.

O momento escolhido para formalizar a internacionalização foi a

Essência do Vinho - Rio de Janeiro, mostra do sector que decorre nos

dias 2 e 3 de maio. A Unicer quer ainda levar a Pedras para os

Estados Unidos e o Canadá, relançando-a "com um posicionamento

premium de grande prestígio". Mesmo porque se trata de uma "água

com gás natural", ou seja, sai da nascente - na Fonte do Vale

das Pedras, em Trás-os-Montes - já com as bolhinhas, uma

característica apenas presente em 0,5% de todas as águas do mundo.

E apesar de a produção estar "limitada ao que a natureza nos dá",

o objetivo é vender "400 a 500 mil litros já este ano",

chegando a "1 milhão de litros no Brasil e mais 1 milhão nos

Estados Unidos e no Canadá em 2015/2016".

O total de Água das Pedras exportado em 2012 ascendeu a 3

milhões, o que significa que os novos objetivos passam por vender

para fora mais dois terços em apenas dois ou três anos. Ainda

assim, o presidente da Unicer não pretende massificar o consumo. A

ideia passa antes por colocar o produto em locais muito selecionados

dos principais centros urbanos daqueles países, à semelhança da

estratégia que tem sido seguida em Espanha, França e na Suíça,

mas também Angola e Moçambique. "Não queremos massificar o

consumo de Água das Pedras, mas colocá-la em espaços e eventos de

referência, como a Essência do Vinho Brasil", que começa amanhã,

no Rio de Janeiro. Rio e São Paulo, Toronto, Nova Iorque, Boston e

Washington foram as cidades escolhidas para lançar as tradicionais

garrafas de 0,33l, 0,5l e 0,75l, "em campanhas muito seletivas que

decorrerão em espaços de grande sofisticação. Queremos que a

marca seja vista como trendy, exclusiva, única", explica Pires de

Lima ao Dinheiro Vivo.

A apresentação da Água das Pedras passará, por isso, também

pelo casamento com a gastronomia. No Brasil, a loja gourmet Casa

Santa Luzia foi uma das poucas escolhidas para vender Água das

Pedras, que estará também em alguns dos melhores restaurantes, como

os paulistas D.O.M. (eleito esta semana o sexto melhor do mundo) e

Tasca da Esquina e os cariocas Fogo de Chão e Quadrucci. É que,

"além de ser uma bebida refrescante, natural e sem calorias, um

dos grandes potenciais da Água das Pedras é acompanhar muito bem as

refeições", esclarece o presidente da Unicer. Justamente um

potencial que a empresa quer desenvolver. E para isso conta com a

ajuda de alguns chefs famosos, como o português Vítor Sobral e o

pernambucano César Santos - que fizeram uma demonstração de

cozinha em São Paulo, em dezembro, escolhendo, a par dos melhores

vinhos portugueses, a Água das Pedras para acompanhar os pratos de

bacalhau, na Tasca da Esquina. Para já, a exportação vai

centrar-se apenas na Pedras original.

O timing desta entrada em força no mercado brasileiro não é

inocente. O Mundial de Futebol 2014 e os Jogos Olímpicos 2016 são

uma "oportunidade muito interessante" que a Unicer quer

aproveitar. Além do desenvolvimento que o Brasil tem registado,

estes dois eventos "vão transformar o país numa montra para o

mundo". Conquistar o mercado brasileiro vem, portanto, com um

bónus: além de apelar aos brasileiros, naturalmente recetivos a

produtos portugueses de grande qualidade, "vamos poder aproveitar a

atenção dos milhões de turistas que vão passar pelas zonas de

maior referência no Rio e em São Paulo". E aqui a SuperBock -

que já vende cerca de 30 mil litros/ano naquela região - também

terá um papel de relevo. Mesmo sem a concretização da instalação

da fábrica no Brasil. O projeto que a Unicer alimenta há já um par

de anos, mantém-se adiado.

A fábrica da SuperBock no Brasil "é uma hipótese que

continuamos a estudar, mas não é fácil encontrar um parceiro local

que nos garanta a produção com as características e qualidade que

exigimos", explica Pires de Lima. "Não desistimos, estamos a

trabalhar, mas para já é um cenário hipotético."

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