Vale a pena trocar de ginásio?

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Às três e meia da tarde de um dia de semana há dezenas de

pessoas a treinarem-se no Fitness Hut do Espaço Amoreiras. A

primeira coisa que salta à vista são as máquinas de exercício

topo de gama, as mesmas que se espera encontrar em ginásios premium.

O espaço é enorme, o ambiente é calmo e há oito ecrãs de

televisão a entreter quem usa a passadeira ou a bicicleta.

Quem

olhar para esta sala de exercício não adivinha que a mensalidade é

três vezes inferior à média praticada nos ginásios premium. Então

qual é a diferença? Vale a pena pagar 80 euros para fazer

exercício, quando há uma marca que cobra 20 euros por mês?

"Os consumidores ficam frustrados quando as suas expectativas

começam a diferir das expectativas dos ginásios", explica Ray

Algar, diretor da Oxygen Consulting. Por exemplo, se pagar mais não

se traduzir na excelência de serviço que é esperada. Ao escolher

entre um ginásio low-cost e um premium, o consumidor tem de perceber

se valoriza aquilo que um oferece e o outro não tem.

O Fitness Hut, que foi a primeira marca de baixo custo em

Portugal, identifica-se como "premium low-cost" e tem

valores de frequência muito baixos: entre 4,40 a 8,80 euros por

semana, o que significa um mínimo de 17,60 euros e um máximo de

35,20 euros por mês. Para praticar preços tão reduzidos, a cadeia

fornece pouquíssimos serviços.

Em vez de ser recebido por alguém à

entrada, faz check-in através de um dispositivo eletrónico, que

abre os torniquetes. No balneário não há secadores de cabelo, gel

de banho, creme ou bolas de algodão. O chuveiro tem um temporizador,

o que significa que a água se desliga constantemente e é preciso

carregar várias vezes até que venha água quente. Ninguém lhe dá

toalha de treino ou de banho, e caso se esqueça de alguma coisa não

há ninguém a quem pedir,mas sim uma máquina automática que vende

todo o tipo de artigos, desde lâminas de barbear a toalhas

descartáveis. Não há piscina, restaurante, spa ou cabeleireiro.

Não tem estacionamento gratuito (os sócios pagam 0,50 euros por hora). Nalgumas zonas do ginásio há infiltrações

de água. Se quiser fazer uma aula de grupo, tem de reservar

previamente através da sua conta na Internet ou numa das máquinas

existentes no ginásio.

Praticamente toda a interação com o clube é

digital, embora tenha monitores no ginásio a darem apoio presencial.

Se a única coisa que pretende são máquinas de última geração e

um espaço onde praticar aulas, então esta é uma opção a

considerar. Além disso, há muito poucas barreiras à entrada: sem

contratos, com inscrições online e cancelamento via e-mail. Mais ou

menos o mesmo que oferece a Pump Fitness Spirit, uma marca que também

surgiu em 2011 e se aproxima do conceito low-cost.

Mas não é por acaso que uma fatia significativa dos clientes dos

ginásios low-cost são pessoas que nunca andaram em health clubs.

Quem está habituado a uma experiência de exercício com todos os

serviços de um Holmes Place, Clube L ou Solinca vai sentir uma

grande diferença e poderá achar que a poupança de dinheiro não

compensa a lacuna. "Quando os ginásios low-cost apareceram,

havia a suposição de que os membros iriam simplesmente fazer a

troca e deixar os ginásios mais caros", explica Ray Algar. Não

é bem assim.

Um clube do Holmes Place ou da Virgin Active oferecem a toalha,

têm balneários com todo o tipo de amenidades, incluem piscina,

sauna, bar para refeições, até wi-fi e computadores, além de

serviços de nutrição e avaliação. Em troca, pedem mensalidades

na ordem dos 70 ou 80 euros. Está disposto a pagar?

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