Vinho: Produção deve cair 11%, com preços estáveis

As previsões são do Instituto da Vinha e do Vinho, que estimam quebras acentuadas no Douro, Lisboa e Alentejo
Vinha do Convento, da Quinta da Falua, onde se desenvolvem videiras entre calhau rolado, num terroir emblemático que conta uma história com mais de 400 mil anos.
Vinha do Convento, da Quinta da Falua, onde se desenvolvem videiras entre calhau rolado, num terroir emblemático que conta uma história com mais de 400 mil anos.Reinaldo Rodrigues / Global Imagens
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O Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) prevê que a produção de vinho, em Portugal, escorregue 11%, em termos homólogos, para 6,2 milhões de hectolitros durante a próxima campanha.

De acordo com um relatório divulgado esta semana, as quebras mais acentuadas estarão, sem surpresa, nas principais regiões produtoras: o Douro (-20%), Lisboa (-15%) e o Alentejo (-15%). Por outro lado, Dão, Beira Interior, Algarve e Açores edverão registar um aumento na produção de uva. Já nas regiões da Bairrada e de Távora-Varosa, as previsões apontam para uma manutenção dos níveis registados na campanha anterior.

A penalizar as vinhas estiveram, este ano, várias doenças que afetaram muitas uvas, e também alguns fenómenos extremos que não ajudaram, justificam os especialistas. Mas apesar da quebra na produção, os preços deverão permanecer inalterados. Pelo menos, é essa a convicção do presidente da ViniPortugal, Frederico Falcão, que em entrevista à Antena 1 dava essa garantia.

Os números da Comissão Europeia apontam no mesmo sentido e prevê, que os mercados agrícolas da União Europeia (UE) cresçam 1,1% este ano e 1,5% em 2026, ainda que antecipando uma quebra histórica no vinho, incluindo de 8% em Portugal.

Vinha do Convento, da Quinta da Falua, onde se desenvolvem videiras entre calhau rolado, num terroir emblemático que conta uma história com mais de 400 mil anos.
Produtores do Douro desesperam por soluções para excedentes de vinho

De acordo com a edição do verão de 2025 do relatório sobre as perspetivas a curto prazo dos mercados agrícolas da UE, divulgada no passado dia 28 de julho, pelo executivo comunitário, a produção de vinho deverá ficar 10% abaixo da média de cinco anos, com uma quebra anual de 5%, para um mínimo histórico de 20 anos (137 milhões de hectolitros) no período de 2024/2025.

Ou seja, o fenómeno não é exclusivo de Portugal com vários países a arrancar vinha (como França) e vindimar em verde – antes de as uvas estarem maduras – para fazer face a níveis de produção mais elevados que o desejado nos últimos anos. Itália e Espanha contrariarão esta tendência, prevendo-se um aumento da produção na ordem dos 15% e dos 11%, respetivamente.

Aliás, recorde-se que este ano os produtores do Douro já se manifestaram várias vezes devido aos excedentes de produção que têm estado a causar graves problemas financeiros na região, sobretudo por causa das regras em torno do vinho do Porto, como o DN já explicou aqui.

Entretanto, a inflação dos produtos alimentares na UE continua a ser superior à geral (3,1% contra 2,2% em maio), embora se observe alguma estabilidade - ou mesmo deflação - em algumas categorias de produtos alimentares.

Apesar dos níveis historicamente elevados, os agricultores da UE registaram recentemente uma estabilização dos custos dos fatores de produção, o que poderá ajudar também a manter os preços.

Com Lusa

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