Vinhos Verdes reclamam a manutenção dos apoios à vinha

Na cerimónia de entrega dos prémios do Concurso da Região Demarcada dos Vinhos Verdes, a presidente da CVRVV, Dora Simões, considerou que a reestruturação da vinha, "com base numa visão de futuro", é de "vital importância" para fazer face às alterações climáticas.
Vindima na Região dos Vinhos Verdes. FOTO: Miguel Pereira/Global Imagens
Vindima na Região dos Vinhos Verdes. FOTO: Miguel Pereira/Global ImagensVindima na Região dos Vinhos Verdes. FOTO: Miguel Pereira/Global Imagens
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A presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) considera que a reestruturação da vinha, "com base numa visão de futuro", é de "vital importância" para fazer face às alterações climáticas. E se há excesso de vinho em algumas áreas do país, não é o caso dos Verdes, e, por isso, a região reclama que "se mantenham os apoios à reestruturação das vinhas".

Dora Simões falava, nesta sexta-feira à noite, na cerimónia de entrega dos prémios do Concurso da Região Demarcada dos Vinhos Verdes, na Alfândega do Porto, evento que contou com a presença do ministro da Agricultura. Há pouco mais de duas semanas, em entrevista ao jornal Público, José Manuel Fernandes defendeu que "terá de haver um travão" nos apoios para a vinha nova, designadamente através do VITIS, o programa de apoio à reestruturação e reconversão de vinhas, que tem disponíveis, para este fim, 80 milhões de euros até 2025. O setor não está de acordo.

"O país não é todo idêntico e as dificuldades não são transversais a todo o território nacional. É, por isso, necessário adotar estratégias adaptadas a cada região e, na Região dos Vinhos Verdes, em particular, é necessário que se mantenham os apoios à reestruturação das vinhas, aos processos de mecanização e à adoção de tecnologias que melhorem a eficiência do seu maneio", defende Dora Simões. Além da sua importância para ajudar a adaptar a vinha às alterações climáticas, os apoios aos reestruturas, aliados à investigação e desenvolvimento e à inovação, podem "ajudar a preparar um futuro que requer bastante planeamento", acrescentou.

"Deve investir-se muito mais em Investigação Aplicada sobre as castas autóctones, a sua resiliência às alterações climáticas e o seu potencial enológico, para que os vinhos da região continuem a manter, daqui a poucas décadas, as características que os diferenciam - entre elas a excelente acidez e o álcool equilibrado", sustentou esta responsável.

A presidente da CVRVV  lembrou que os Vinhos Verdes têm vindo a crescer nos mercados internacionais, tendo terminado o ano de 2023 com um incremento de 8% em volume e quase 11% em valor, "o que é um indicador da forte dinâmica na região". No arranque de 2024, e em contraciclo com o habitual para a época, cresceram 30% em valor e volume.

"O facto de os vinhos da região serem maioritariamente brancos e com perfil de baixo álcool é uma vantagem competitiva no atual contexto internacional, alinhando-se com as preferências de consumo", frisou.

Dora Simões destacou ainda os projetos da CVRVV ao nível da "investigação experimental, de partilha de conhecimento e de boas práticas para os produtores de Vinhos Verdes", mas considerou que é "urgente aumentar a exigência e coordenação" do programa de combate a pragas e doenças, estabelecendo uma "estratégia concertada" entre as várias comissões de viticultura, as entidades públicas e os produtores "para que se consiga preservar o negócio vitivinícola, com a devida eficiência no combate a problemas de fitossanidade, numa perspectiva de preservação do nosso património e também dos investimentos de todos os viticultores".

Sobre o concurso e os vinhos premiados, diz Dora Simões que a "Região Demarcada dos Vinhos Verdes apresenta uma grande variedade de castas e de perfis de vinhos que permitem, em cada edição, destacar o trabalho de diferentes produtores nas várias categorias". No total houve 242 vinhos em prova cega, dos quais o júri destacou 15 com medalhas de ouro e 55 com medalhas de prata.

Cícero Alvarinho 2021 e Via Latina Grande Reserva Branco 2018 foram os distinguidos com o prémio 'Grande Ouro' na categoria de grandes vinhos com estágio. Nos grandes vinhos jovens o destaque foi para Vila Nova Azal 2023 e nos espumantes o premiado foi Messala Alvarinho Bruto 2019.

Com medalha de ouro, na categoria de grandes vinhos jovens, o destaque foi para Abcdarium Arinto 2023; Dona Paterna Reserva Alvarinho 2022; Pecado Capital Premium Alvarinho Avesso 2023; Portal do Fidalgo Reserva Alvarinho 2023; Quinta dos Encados Grande Escolha 2023; Quinta de Gomariz Colheita Seleccionada Alvarinho 2023; Quinta da Raza Colheita Seleccionada Alvarinho 2023; Vila Nova Azal 2023; Quinta de Balão Vinhão 2023 e Tapada dos Monges Vinhão 2023.

Ns grandes vinhos com estágio, os premiados foram Cícero Alvarinho 2021; Marquês de Lara Reserva Avesso 2017 e Via Latina Grande Reserva Branco 2018. Nos espumantes, o júri distinguiu os Messala Alvarinho Bruto 2019 e Quinta da Raza Bruto Natural 2019.

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