O empreendedorismo português tem-se revelado cada vez mais consistente e caminha a passos largos para a internacionalização – contribuindo para o crescimento económico do país, através das mais de quatro mil startups, que geram cerca de 40 mil postos de trabalho. O crescimento dos últimos anos contribui bastante para a visibilidade externa de um Portugal criativo, com enorme talento e potencial de inovação..Só haverá futuro económico promovendo, de facto, um círculo virtuoso onde as startups portuguesas de sucesso sejam capazes de atrair cada vez mais investimento estrangeiro, sejam geradoras de emprego e inovação..Não podemos ser o eterno país que é literalmente reconhecido por Champions do futebol, como Ronaldo, Mourinho, Eusébio, Figo e muitos outros (ainda que com todo o mérito). Dentro e fora do país precisamos de elementos que transmitam a força deste ecossistema de empreendedorismo diferenciador, agregador e inspirador. É a nossa melhor aposta..Líderes inspiradores e um ecossistema agregador são fundamentais para alimentar este círculo virtuoso, que em 2024 fez sobressair duas figuras que terão, em 2025, acredito, crescente importância: Virgílio Bento, fundador e CEO da Sword Health; e a Fábrica de Unicórnios, que já integra uma rede de quatro hubs em Lisboa, distribuídos pelos bairros do Beato, Alvalade e Saldanha..Virgílio Bento é em primeiro lugar pai – tem dois filhos e por eles, pela sua família, quis sempre manter-se a viver no Porto. É nos Estados Unidos que a Sword Health tem sede, mas prefere fazer viagens regulares a deixar Portugal. Este é um dos lados mais pessoais do empresário de 40 anos, que tem vindo a ganhar visibilidade pública..Em ano grande, a unicórnio portuguesa da área da Saúde anunciou, em junho, uma ronda de financiamento de 30 milhões de dólares que aumentou para três mil milhões de dólares a valorização da empresa responsável por criar a primeira solução digital para o tratamento de patologias músculo-esqueléticas – e que tem os EUA como principal mercado..A Sword realizou também, em junho, um evento de liquidez privado no qual foram vendidos, a nível global, 91 milhões de euros em ações, entre Portugal e os Estados Unidos. O evento gerou cerca de 50 milhões de euros para os colaboradores portugueses que decidiram vender uma percentagem das ações que detinham. Virgílio acreditou deste o primeiro momento que as stock options seriam geradoras de riqueza geracional para os seus colaboradores e que eles próprios iriam investir neste ecossistema, alimentando o tal círculo virtuoso. A Sword já tornou milionários perto de três centenas dos seus colaboradores..Virgílio Bento tem tido uma palavra ativa na sua página no LinkedIn, assumindo um papel inspirador dentro do ecossistema do empreendedorismo nacional, onde outros founders procuram figuras de liderança como ele, que partilhem experiências, sucessos e momentos críticos. Mas tem sido também muito crítico em muitas situações. Exemplo disso, face aos problemas no Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), o CEO da Sword ofereceu uma solução baseada em Inteligência Artificial (IA) para o atendimento telefónico que possa resolver o problema da falta de técnicos de emergência pré-hospitalar..Sem dúvida que a IA será transformadora da Administração Pública, especialmente nas áreas da Saúde e da Educação. Naturalmente que aplicada de forma responsável, ética e no cumprimento de todos os requisitos de segurança. Mas é preciso também estratégia governativa para a sua aplicação..O que ninguém tira a Virgílio Bento é a iniciativa de querer contribuir de forma ativa para a resolução de um problema nacional, abrindo a possibilidade à transformação digital de serviços públicos críticos para o país. Os líderes de empresas inovadoras têm o dever de promover avanços progressivos e sustentáveis para o país..Daí que seja essencial também criar ecossistemas dinâmicos, como a Fábrica de Unicórnios, e muitos outros que existem fora de Lisboa – que já é apresentada como a nova Silicon Valley –, no Porto, Braga, Coimbra, Aveiro, Leiria e Funchal. Gil Azevedo, diretor executivo da Unicorn Factory Lisboa (que apoiou 250 startups em 2024 e já possibilitou a instalação de 70 tecnológicas internacionais, gerando em conjunto cerca de 15 mil postos de trabalho), já assumiu a ambição de tornar a capital portuguesa num centro internacional de inovação, através de iniciativas que potenciam startups nacionais e internacionais..Outro aspeto de realçar, é a abertura de quatro hubs que criam comunidades de empreendedorismo em vários bairros de Lisboa, espalhando, inspirando e contagiando a capital. São eles o web3hub e o AIhub, no Alvalade Innovation District, e o gaminghub e o greenhub, no Saldanha Innovation District..Neste fervilhar de criatividade, de iniciativa e de vontade de afirmação, 2025 promete trazer maior crescimento a um ecossistema que está em grande forma, mas que exige que se supere a si próprio, que se descentralize e que faça emergir novos líderes inspiradores. Só assim se constrói o círculo virtuoso.