Três categorias de clientes, três áreas de negócio é quanto basta para a Visualforma se assumir como única no mercado a prestar o tipo de serviços em que se especializou: em linguagem de leigo, descomplicar o que é complexo na gestão diária de cidades, autarquias locais, grandes infraestruturas e empresas. Com recurso a plataformas digitais por si criadas e à Inteligência Artificial, a empresa sedeada em Faro há 28 anos, qual Mary Poppins do século XXI, arruma a casa dos clientes, pondo tudo a funcionar com eficiência e sem desperdício, graças aos métodos e soluções personalizados que cria de raiz..“A Visualforma é uma empresa relativamente fácil de explicar”, diz ao DN/Dinheiro Vivo Cláudio Martins, administrador da empresa. “Nós só operamos com três categorias de clientes e só temos três áreas de negócio”, refere, adiantando que os primeiros são “são essencialmente centros hospitalares, entidades de estudos superiores - universidades e politécnicos -, e por último, a Administração Pública Local”. Sendo que esta última categoria se subdivide em municípios - e a Visualforma conta já 37 como seus clientes por terras algarvias -, comunidades intermunicipais (que são já entidades supramunicipais, de liderança, explica o responsável), e as empresas municipais, que atuam nos setores regulados, como o das águas e dos resíduos..Cláudio Martins, administrador da Visualforma..Quanto ao trio das áreas de negócio, de forma quase telegráfica - que depois já se explica -, podem resumir-se então à produção de infraestruturas tecnológicas, depois à da chamada Autarquia 360 e, por fim, à das Smart Cities. Foi uma evolução do negócio que ocorreu naturalmente ao longo dos últimos 20 anos para uma empresa que nasceu vocacionada para a formação em tecnologias de informação (TI). Mas já lá vamos..“Temos uma área [de negócio] em que nós nos especializámos em produção de infraestruturas críticas, e aqui essencialmente falamos de data centres, redes de dados, soluções de backup, soluções de desastres, a cibersegurança..., tudo o que tem a ver com criticidade para os nossos clientes, à data de hoje nós temos oferta”, afirma Cláudio Martins..E é aqui que entra a génese da Visualforma. Criada em 1995, numa altura em que tecnologia informática entrava em grande expansão, a empresa algarvia apostou em dar formação nesta área, ensinando, entre outras ferramentas, linguagem de programação Visual Basic - daí o seu nome. A informática evoluiu e a empresa também, passando a desenvolver software e infraestruturas TI. Daí ao armazenamento e processamento de dados, a redes com e sem fio, aos backups e virtualização foi um passo. Hoje estas infraestruturas tecnológicas são oferecidas aos clientes Visualforma interessados, mas integram também o pacote de serviços prestados no âmbito do Autarquia 360..“Somos detentores a 100% desta marca”, - a Autarquia 360, a segunda área de negócio da Visualforma -, “e nesse capítulo o que fazemos é: fabricamos soluções web, ou seja, webizadas, em que basicamente elas têm como objetivo criar plataformas de comunicação entre os municípios, ou seja, estamos a falar aqui exatamente, de sites autárquicos, portais do município, serviços online, tudo o que tem a ver com desmaterialização, naquilo que são os processos que tradicionalmente tramitam de forma física, papéis, assinaturas, etc.”, descreve Cláudio Martins..Uma breve navegação pelo site da Visualforma dedicado a esta área de negócio permite perceber a que se refere. Aí se encontram, prontos a consumir e pensados para autarquias locais, produtos como a desmaterialização de atas, orçamento participativo, travel planner e portais, muitos portais: do munícipe, da freguesia, do voluntariado, do canil, do associativismo, do apoio à renda, da gestão do apoio social... e mais ainda..Um ponto de contacto entre o tipo de serviços prestados no âmbito da Autarquia360 e das Smart Cities reside na gestão das águas e dos resíduos (esgotos), em que a Visualforma se especializou a partir de 2017. No caso da água, há área da rega de espaços públicos e do fornecimento. No que toca à gestão da rega de uma cidade ou concelho inteiros, diz o seu administrador que a Visualforma é criadora tanto do hardware como do software necessários para manter e regar centenas de espaços verdes. E aqueles conseguem detetar se há fugas, entupimentos, zonas menos regadas, perdas de água..Todo o 'hardware' e 'software' utilizado pela Visualforma na gestão da rega dos espaços públicos no âmbito dos serviços prestados pela Autarquia 360 foram concebidos pela própria empresa algarvia. FOTO: D.R. / Visualforma..Além disso, há uma componente de inteligência que é capaz de ajustar a rega para o caso de ir chover no dia seguinte ou de acordo com o estado de humidade do solo, por exemplo. Tudo graças a sondas de terreno criadas e usadas pela própria Visualforma..Por fim, chegamos à terceira área de negócio da empresa. “Nas Smart Cities nós temos uma visão diferenciada em relação à oferta que existe no mercado”, garante Cláudio Martins. “O grande desafio é que a maior parte desses projetos não são integrados”, refere o responsável. Isto é, há pequenos projetos-piloto, em áreas específicas, desgarradas, e não existe uma integração daquilo que é a tecnologia com as necessidades da própria autarquia ou do município..A abordagem da Visualforma não é esta, explica, é quase holística: toma a autarquia ou município com um todo, vai ver em que áreas há mais dificuldades - é a higiene urbana? o tráfego? a gestão do espaço público? equipamento público destruído? -, depois procura “o dono do problema”, a quem compete resolvê-lo e cria “uma estratégia de implementação de tecnologia” para ter uma forma de validar como estão a ser resolvidos e se se mantêm ou não..“O grande objetivo da tecnologia é nós termos, em tempo real, informação sobre o que é que está a acontecer no nosso concelho”, as falhas, os consertos, a duração das obras. E fazê-lo de forma integrada, de modo a que há um dashboard que mostra o que está a ocorrer em simultâneo em todo o lado e permite a interação de várias divisões (donos de problema) se for necessário. “Isto, à data de hoje, não existe praticamente em lado algum”, garante Cláudio Martins..Para chegar a este ponto de prestação de serviços a Visualforma teve de evoluir e fê-lo não só, mas também com apoios de fundos europeus, nomeadamente da CCDR Algarve, através do programa CRESC Algarve 2020. Ao longo dos anos foram cerca de dez os projetos com que Visualforma concorreu a estes incentivos, num investimento global de perto de 1,5 milhões de euros, tendo recebido mais de 700 mil euros de apoios. E não vai ficar por aqui. Ainda este ano a Visualforma irá submeter investimentos na ordem do meio milhão de euros ao ALGARVE2030, avança Cláudio Martins..O financiamento obtido será direcionado “à aplicação da Inteligência Artificial nas áreas de negócio da Visualforma, com foco específico em Cidades Inteligentes e Ferramentas de Apoio à Gestão” revelou ao DN/DV Cláudio Martins. O objetivo é “otimizar processos, melhorar a eficiência operacional e proporcionar soluções inovadoras” para os clientes Visualforma e, no caso das Cidades Inteligentes, usar a IA “para desenvolver sistemas de gestão urbana mais eficazes” e as referidas ferramentas para “beneficiar de algoritmos avançados para análise de dados, atendimento inteligente e tomada de decisões estratégicas.”