Volup: Entrega de refeições de luxo chega ao estrangeiro no fim do ano

Plataforma portuguesa nascida em 2020 arranca com entregas de mercearias gourmet ainda neste semestre e prepara-se para uma nova ronda de investimento.
Publicado a

Foi em dezembro de 2020 que as refeições de luxo começaram a ser entregues em casa dos portugueses. A Volup quis ajudar os restaurantes de gama superior a enfrentarem a pandemia e com comissões mais baixas do que a concorrência. Depois do sucesso nacional e com o mundo a deixar para trás a covid-19, a plataforma fundada por Álvaro Meyer vai chegar ao estrangeiro no final deste ano.

A aposta no mercado internacional irá ocorrer depois de a startup fechar a série A de investimento, em meados de 2022. Na operação irão participar, sobretudo, fundos de capital de risco europeus, depois das dificuldades encontradas em levantar financiamento junto de entidades nacionais, habitualmente mais viradas para soluções destinadas às empresas.

Sem dar muitos detalhes, o fazedor destaca: "Espanha é um caminho natural mas temos planos para irmos mais longe e há países que fazem muito mais sentido para nós."

A novidade é anunciada numa altura em que a Volup conta com cerca de 90 restaurantes parceiros e faz as entregas nos concelhos de Lisboa e do Porto, na linha de Cascais, em Odivelas, Belas e ainda em Leça. No ano passado, a faturação da empresa ultrapassou os 700 mil euros e registaram-se 18 500 utilizadores.

"Os nossos parceiros não querem estar ao lado de espaços de comida rápida. Vamos manter-nos no segmento médio-alto e não iremos concorrer com a Glovo e a Uber Eats", destaca, em entrevista ao Dinheiro Vivo. A Volup representa entre 10% e 30% das vendas dos restaurantes.

Quase 20% dos parceiros são exclusivos da aplicação, como os casos do Kanazawa, Solar dos Nunes, Varanda de Lisboa, Shun, Sommelier, Mis by Tatar-Ia, Kai Lisboa, Furnas do Guincho e Estoril Mandarim.

Para facilitar a captação de estabelecimentos, a Volup conta com uma comissão por refeição entre 22% e 25% - quando os concorrentes retiram pelo menos 30%.

Como o preço médio por encomenda é de 50 euros (acima da média no mercado das plataformas), é possível ter um serviço de entregas com estafetas (aqui designados de navigators), devidamente formados junto de empresas contratadas pela startup para o serviço.

Para a comida chegar, é necessário instalar uma aplicação móvel nos dispositivos com sistema operativo iOS (Apple) e Android (Google). É ainda possível encomendar pratos de vários restaurantes e receber tudo ao mesmo tempo.

Após o pior da pandemia ter passado, a empresa assinala que 2022 "tem sido um bom início do ano" porque os restaurantes "já têm a equipa estável e conseguem gerir tudo com um horizonte previsível". As entregas vieram para ficar apesar do fim de praticamente todas as restrições.

Álvaro Meyer, neste contexto, revela mais ambições: "Até ao final do ano queremos ter 500 restaurantes nos distritos de Lisboa e do Porto e ainda na região do Algarve." Se isso acontecer, a plataforma terá metade dos estabelecimentos de gama superior nas três localizações.

Nos planos da Volup está também o arranque das entregas de produtos de mercearias gourmet, que serão levantados diretamente das lojas - de momento, está excluída a hipótese de construir um armazém logístico para centralizar estes bens e depois expedi-los no espaço de 15 minutos, como fazem a Glovo e Getir em Portugal.

A empresa também propõe-se a tirar partido da relação privilegiada com os chefs e apresentar novos conceitos de pratos desenvolvidos em cozinhas virtuais.

"Graças a isso, os chefs podem criar uma linha exclusiva para delivery sem comprometer as cozinhas dos restaurantes com sala. Além disso, é diferente fazer comida para ser servida dentro de três minutos e cozinhar para comer só daqui a 35 minutos", assinala o fazedor espanhol.

Atualmente com uma equipa de 12 pessoas, a plataforma vai duplicar a equipa ao longo deste ano, sobretudo nos departamentos de marketing e de vendas. Para já, o escritório é remoto porque "foi necessário fazer uma reestruturação de custos no ano passado".

Depois de ter começado o negócio apenas com fundos próprios - após ter vendido um negócio anterior - Álvaro Meyer acredita que a Volup será totalmente lucrativa quanto mais escala conseguir ganhar no mercado da restauração e quanto maior for o número de refeições a chegarem a casa com toque de chef.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt