Douro e Alentejo com obras ferroviárias mais atrasadas

Espera pela chegada dos comboios elétricos à Régua soma quase uma década e intervenção no Alentejo só termina em 2030, prevê Infraestruturas de Portugal.
Comboio na Linha do Douro. Foto: Global Imagens
Comboio na Linha do Douro. Foto: Global Imagens
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Não há forma de travar os atrasos nas obras da rede ferroviária nacional. A Infraestruturas de Portugal (IP) assumiu na semana passada que as intervenções em linhas o Douro e o Alentejo têm um novo calendário, voltando a descarrilar nos prazos previstos ou no programa de investimentos Ferrovia 2020 ou no Programa Nacional de Investimentos para 2030. 

O caso da Linha do Douro é o mais extremo: a eletrificação do troço entre Marco de Canaveses e Régua apenas vai decorrer entre o início do próximo ano e o final de 2027, oito anos depois do prazo previsto pela IP no início de 2016, quando apresentou o Ferrovia 2020. A gestora pública da rede ferroviária adianta ainda que o percurso entre Marco de Canaveses e Covelinhas terá de ser encerrado um total de cinco meses nos períodos de inverno para que os túneis possam acolher a catenária. Quando a Linha do Douro começou a ser construída, em 1875, o comboio chegou à estação da Régua ao fim de quatro anos, em julho de 1879. O atraso na chegada do comboio elétrico à Régua vai demorar, pelo menos, o dobro do tempo. 

“Estamos profundamente preocupados com a constante desconsideração aos apelos da região. O atraso nos investimentos da Linha do Douro tem repercussões económicas e sociais que se arrastam há décadas e podem comprometer o futuro, quer no plano turístico, quer no plano de combate ao despovoamento e debilidade económica. Há necessidade de compensar a região por estes sucessivos atrasos”, lamenta ao DN a Associação Vale d’Ouro. 

O atraso neste trecho da Linha do Douro afeta as intervenções seguintes, como a eletrificação do percurso entre Régua e o Pocinho - corre o risco de perder financiamento comunitário - e ainda a reabertura do percurso entre Pocinho e Barca d’Alva, prometida por dois ministros dos governos de António Costa, incluindo o atual líder do PS, Pedro Nuno Santos. 
Mais abaixo no mapa, a passagem de duas para quatro vias do percurso entre Contumil e Ermesinde vai arrancar no final de 2025 e apenas ficará concluída no final de 2029, praticamente um ano depois do que estava previsto e com um orçamento quase duplicado, dos 120 para os cerca de 220 milhões de euros. A obra é fundamental para desencravar a área suburbana do Porto. 

Na Linha do Norte, a renovação do troço entre Ovar e Espinho apenas irá arrancar no final de 2025 e terminará no final de 2028. A IP já prevê que tenham de ser acrescentados 11 minutos de viagem para todos os comboios assim que as obras começarem. Na prática, a redução do tempo de percurso em 10 minutos entre Porto e Lisboa que entrou em vigor no passado domingo não irá ter efeitos durante mais do que um ano. 

Na Linha do Alentejo, o troço Poceirão-Bombel será duplicado entre 2026 e 2030, dois anos mais tarde do que estava previsto pela IP há um ano. Ainda nesta linha, a gestora de infraestruturas mantém a intenção de encerrar para obras durante 21 meses a ligação entre Casa Branca e Beja para receber comboios elétricos e a uma velocidade máxima de 200 km/h. As obras nesta ligação irão decorrer entre o início de 2026 e o final de 2029, quatro anos mais tarde do que previa o PNI2030. 

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