A importância dos colaboradores na transformação digital da logística

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A transformação digital das empresas, independentemente do seu setor, é incontornável. Contudo, e apesar de ser um processo em curso e a um ritmo cada vez mais acelerado, a verdade é que ainda estamos a falar de uma viagem de algumas décadas até estar completa no setor da logística. Uma viagem essencial para melhorar as cadeias de abastecimento a fim de satisfazer as exigências emergentes dos clientes, e onde a gestão de talentos atuará como um facilitador chave, utilizando uma abordagem holística para integrar múltiplos elementos, tais como a tecnologia, saúde e segurança, sustentabilidade e diversidade, num único local de trabalho.

Num estudo recente, intitulado "Future of Work in Logistics" (da DHL), são apresentados dois futuros possíveis na logística, um aumentado pela tecnologia e outro automatizado, e as considerações práticas para equilibrar a implementação de cada uma no atual contexto de mudança. Prevê-se um futuro no qual alguns aspetos de ambos os conceitos serão concretizados, reduzindo tarefas manuais e melhorando a eficiência, maioritariamente ao longo de seis segmentos da cadeia de abastecimento: operações de armazém, transporte de longo curso, entrega last mile, operações de backoffice, serviço ao cliente e planeamento da cadeia de abastecimento.

Temos de estar preparados para uma realidade onde estas tecnologias de aumento e automatização coexistam e permitir aos colaboradores que desempenhem um papel ativo na formação do futuro do trabalho ao lado da sua empresa.

Com a tecnologia aumentada, colaboradores como especialistas em armazéns e correios terão um desempenho mais rápido, mais seguro e com um menor esforço físico e mental devido às novas tecnologias inteligentes. O espaço de trabalho utilizado principalmente como espaço de escritório também será reduzido, permitindo que mais imóveis sejam dedicados a funções logísticas como o armazenamento, uma vez que a tecnologia permitirá ao pessoal de escritório trabalhar remotamente.

Com a tecnologia automatizada, máquinas e robôs colaborativos executariam eficazmente tarefas operacionais 24 horas por dia e com poucos ou nenhuns erros, assegurando a contínua manutenção, otimização e expansão de uma indústria logística totalmente digitalizada. Assistiremos, também, a uma mudança na força de trabalho para empregos que mantêm a cadeia de abastecimento a funcionar, como a manutenção e as equipas de otimização.

Ambas as tecnologias apresentam vantagens e desafios e não é expectável que estejam totalmente integradas nas cadeias de abastecimento, em especial nos próximos 10 a 20 anos. Como qualquer processo de mudança de grande escala, o futuro do trabalho na logística vai exigir um planeamento cuidadoso, uma gestão ativa, comunicação aberta, uma liderança pragmática e inspiradora e abordagens inovadoras. Estas podem ser divididas em três alavancas fundamentais: novas funções e liderança, novas aprendizagens e desenvolvimentos e novos modelos e ambientes de trabalho.

A indústria da logística continua a ser um negócio de pessoas e uma transformação digital bem-sucedida depende da colaboração entre a liderança e a força de trabalho.

São as nossas pessoas que entregam o valor dos nossos serviços e do nosso negócio, sendo, portanto, do maior interesse que todos embarquem nesta jornada da digitalização, pois todos têm um papel a desempenhar.

É importante que os líderes do setor envolvam os colaboradores neste processo e os transformem em participantes ativos na mudança. Ao fazê-lo, podem criar um ambiente de preparação e adaptação e fornecer caminhos para os trabalhadores crescerem através de reconversão, requalificação e aquisição de novas competências.

António Gil, Diretor de Recursos Humanos da DHL Supply Chain Portugal

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