Dioscope: Médico virtual dos hospitais faz as perguntas certas aos pacientes

Dermatologista Tomás Pessoa e Costa transformou uma plataforma de formação digital num sistema de apoio à decisão médica no computador, em que os profissionais não precisam de saber uma linha de código.
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A Dioscope é um médico virtual para os profissionais de saúde fazerem as perguntas certas aos pacientes. O sistema de apoio à decisão médica é desenvolvido por cada hospital e funciona através do computador.

Os médicos não precisam de saber uma linha de código para configurarem toda a plataforma. A startup já conquistou prémios internacionais, está prestes a fechar parceria com o décimo hospital em Portugal e vai entrar nos mercados do Brasil e de Itália.

"Temos um assistente virtual, que está a falar com os médicos que estão na urgência, a operar o doente ou numa consulta. O sistema vai dizer quais são as perguntas certas, através de um chatbot, com base nas particularidades daquele doente e das rotinas do hospital. Com base nessas perguntas e nas orientações do médico virtual, isto vai ajudar o médico humano a tomar a melhor decisão", explica ao Dinheiro Vivo o fundador da empresa, Tomás Pessoa e Costa.

O sistema funciona com uma versão aberta e uma versão privada. Na versão aberta, gratuita, foram pré-criados 80 algoritmos para cobrir especialidades como pediatria, neurologia e hematologia.

Na versão privada, os hospitais pagam uma subscrição à Dioscope, transformando-se num autêntico SaaS (sistema como serviço, em tradução literal). Em troca, podem criar os próprios algoritmos, personalizando ao máximo o atendimento.

"Para um hospital, fica muito mais barato e é muito mais eficiente estarem a pagar-nos uma mensalidade do que criarem uma equipa própria só para desenvolver o sistema ou então estarem a sobrecarregar os elementos técnicos", defende o dermatologista que fundou o negócio.

Tomás Pessoa e Costa acredita que a solução permite "melhorar muito a decisão clínica e tornar os processos nos hospitais muito mais eficientes", tratando mais pacientes, mas reduzindo os custos operacionais.

A Dioscope, ao deixar os médicos desenvolverem os seus algoritmos, acaba por diferenciar-se de outras duas tecnológicas portuguesas que estão na área da medicina: a Tonic App é uma aplicação móvel que funciona como agregador de todos os conteúdos para os médicos; a UpHill criou um sistema e conteúdos médicos de apoio à decisão clínica.

Antes de ajudar os profissionais em tempo real, a Dioscope foi uma plataforma focada na formação médica digital. Nascida em maio de 2018, a Perguntas da Especialidade funcionava como um agregador de vídeos e de casos clínicos, com acesso gratuito. "Parecia-nos óbvio democratizar o acesso ao conhecimento na nossa área."

Mas Tomás Pessoa e Costa sentiu que o mercado precisava de algo mais. "Os sistemas de apoio à decisão médica já são conhecidos há alguns anos. Mas o custo e a complexidade afastam os hospitais de criarem estes serviços. Além disso, criar a mesma solução para todos os hospitais não traria qualquer valor acrescentado, porque há dinâmicas diferentes."

O empréstimo de cinco mil euros dos pais foi fundamental para o arranque da operação. Só em 2021, a Dioscope faturou 750 mil euros e já conta com uma equipa de oito pessoas a tempo inteiro. As receitas têm sido reinvestidas, não sendo necessário uma ronda de investimento externa, no que é designado de bootstrapping.

Além de Portugal, a empresa está a entrar no Brasil e em Itália, tendo também no horizonte os mercados de Espanha e o resto da América Latina.
Na próxima etapa, a Dioscope quer apostar na parte da telemonitorização de doentes.

"Precisamos de automatizar a gestão de notificações. Faz pouco sentido ligar logo a um enfermeiro sempre que for detetada tensão alta. Podemos enviar uma mensagem automática ao doente para que meça a tensão do outro lado."

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