
A Eurofirms, multinacional espanhola de recrutamento, fechou o exercício de 2024 com uma faturação agregada de 619 milhões de euros, um aumento de 13% face ao ano anterior. Foi o seu melhor ano de sempre e Portugal, onde entrou em 2013, teve um papel determinante. No mercado nacional, a empresa registou vendas de 87 milhões de euros, mais 23% do que em 2023. A área do trabalho temporário valeu 85% da faturação.
A empresa de recursos humanos tem atualmente 21 delegações espalhadas pelo território nacional, rede que perspectiva fortalecer ao longo do ano. Segundo Anne-Sophie Nunes, diretora financeira da Eurofirms em Portugal, é “esta presença muito forte junto do trabalhador e do cliente que nos destaca” num setor muito competitivo e de empresas de variadas dimensões. A responsável sublinha que, “nos últimos três anos, a Eurofirms fez um caminho bastante significativo em Portugal, tendo registado crescimentos acima dos dois dígitos”.
A atividade principal é o recrutamento para trabalho temporário, essencialmente para setores como a indústria pesada, hotelaria, agricultura e contact center. As grandes cadeias de hotéis são um dos clientes mais ativos na procura de trabalhadores para responder a necessidades sazonais, diz Anne-Sophie Nunes. E para garantir uma solução ajustada às necessidades, a Eurofirms criou uma academia de formação nas suas instalações em Lisboa.
No escritório da capital, os candidatos fazem simulações do trabalho exigido em quartos e restaurantes, por exemplo. “Os colaboradores têm formação interna e uma experiência em ambiente real”, sublinha a responsável. O objetivo é dar “qualificações e confiança ao trabalhador e prestar um serviço diferenciado ao cliente”. Este projeto formativo deverá ser alargado ao Porto, adianta.
Na área do turismo, como noutras, “a mão-de-obra estrangeira é um grande recurso”, admite Anne-Sophie Nunes. E face às alterações que estão previstas à entrada de imigrantes no país, antevê que a partir de 2026 se sinta dificuldades em contratar quer para trabalho temporário quer para outsourcing. “A taxa de desemprego está baixa em Portugal e a massa salarial é inferior à da União Europeia. Se dificultarmos a entrada de estrangeiros, teremos cada vez menos candidatos”, defende. Para trabalho temporário, a Eurofirms recebe anualmente cerca de 5000 candidatos, dos quais 1000 a 1200 são trabalhadores oriundos de outros países.
O recrutamento enfrenta também dificuldades ao nível dos profissionais especializados. Como frisa a responsável, “não é fácil encontrar um técnico de manutenção, um eletricista. Os trabalhadores com conhecimento técnico são escassos no mercado e cada vez mais valorizados”. A solução “terá que passar por um ajuste nos ordenados”, sublinha.
Neste ciclo desafiante, a Eurofirms tem conseguido crescer. No trabalho temporário, cuja época alta começou em maio, está com melhores resultados neste primeiro semestre do que no mesmo período de 2024. Mesmo verificando que há indústrias, como a têxtil e automóvel, onde se verifica uma clara queda na procura. E regiões, com foco no Norte, que registam um movimento de retração na atividade económica. Atualmente, tem a decorrer uma campanha de recrutamento de mais de 300 pessoas para trabalho em fábrica e laboratório no grupo HIT - Holding da Indústria Transformadora do Tomate.
O outsourcing e o recrutamento especializado começam também a ser áreas com relevância na faturação e na rentabilidade da empresa, e apostas na diversificação da oferta de recrutamento, diz. Até porque a Eurofirms já estipulou que a breve prazo quer atingir uma faturação de 100 milhões de euros em Portugal. A empresa espanhola está também presente em Itália, França, Chile, Brasil e Peru.