A EDP iniciou a produção de moléculas de hidrogénio no Ribatejo. Trata-se da primeira iniciativa da empresa neste âmbito, em Portugal e na Europa. O objetivo passa por testar o comportamento da central "num ambiente industrial", de forma a escalar a operação, no futuro. Em declarações aos jornalistas, o CEO da EDP e da EDP Renováveis, Miguel Stilwell d'Andrade, esclareceu que está em causa um projeto-piloto. Este deverá permitir à EDP "aprender, dos pontos de vista técnico e económico, como isto funciona", com o propósito de corrigir erros que surjam.O FlexnConfu visa inovar no setor da energia, ao juntar hidrogénio renovável e gás natural. Foi implementado na central térmica que fica perto do Carregado, no Ribatejo e a inauguração teve lugar na terça-feira, dia 16 de setembro. O custo ascende a 12,6 milhões de euros, com apoio do financiamento europeu, proveniente do programa Horizon Europe, que cobre 70% do investimento. O projeto resulta de um consórcio que reúne 21 parceiros de 10 países europeus.No discurso de abertura do evento, Stilwell salientou que "a Península Ibérica tem uma oportunidade única", fruto das condições que demonstra no que concerne à produção de energia proveniente de fontes renováveis.O próprio reforça que a EDP quer produzir eletricidade com recurso a "menos emissões" para a atmosfera e esclareceu que este projeto vai permitir avançar precisamente no sentido da descarbonização. Ao mesmo tempo, está em causa a procura por um maior grau de independência energética, "um bem muito importante" e que ganhou peso em função do apagão ocorrido no passado dia 28 de abril."Na edp estamos comprometidos com Portugal, com mais renováveis, mais redes [de eletricidade] e agora também com o hidrogénio", frisou o gestor, além de sublinhar a intenção de investir com a finalidade de avançar nos investimentos destinados à transição energética, em Portugal.Gestor da EDP aproveita presença da ministra para deixar sinais ao GovernoA ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, assistiu à cerimónia e visitou as instalações. Ora, o presidente executivo do grupo EDP não deixou passar a oportunidade para deixar um alerta ao Governo, no discurso de abertura do evento. "Sem mais redes elétricas e mais modernas, não há transição energética", pelo que é necessário investimento público, de acordo com Miguel Stilwell d'Andrade, que reforçou a importância desse incentivo para a melhoria das condições para fornecimento de energia.O próprio apontou ainda baterias àquilo que entende ser burocracia em excesso no que diz respeito a investimentos. "Portugal já deu passo importantes, mas acho que é possível fazer mais", referiu. O próprio apela à "simplificação e agilização" dos licenciamentos, "para que se possa investir".Ministra aprova e aponta à descarbonizaçãoMaria da Graça Carvalho, responsável pela pasta do Ambiente e Energia no atual Governo, também subiu ao palco e sublinhou que o executivo está "em linha com esses objetivos". Nesse sentido, há vontade de simplificar processos, de forma a permitir que "investir em Portugal seja simples".A ministra salienta que "é muito importante" a existência de centrais como esta, ao mesmo tempo que é necessário um "grande esforço de descarbonização na industria e nos transportes", assim como "investimento nas redes", reconhece.Este deve acontecer "não só na rede em si, como na resiliência e no armazenamento", disse, antes de sublinhar este último parâmetro. "Precisamos de mais armazenamento hídrico e de baterias, a nível nacional". A própria explicou ainda a importância de introduzir esta vertente no sistema nacional.O hidrogénio deve ser usado "onde não há alternativas", ou seja, o ideal passa por utilizar energia elétrica renovável, já que "é mais simples e mais barato". Por outro lado, "há processos industriais que precisam de hidrogénio", pelo que a produção deste último de forma renovável (ao invés daquele que tem origem fóssil) é "excelente para esses processos, para a descarbonização e competitividade da indústria".Abordou ainda a importância que a retenção de talento tem nesta matéria, nomeadamente no que diz respeito a engenheiros e, de forma particular, engenheiros eletrotécnicos.