A Endesa venceu o concurso para a reconversão da central a carvão do Pego, em Abrantes. Os resultados finais foram divulgados esta sexta-feira pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG).
Em comunicado, a elétrica espanhola informa que "através da sua filial Endesa Generación Portugal, venceu hoje o concurso de transição justa do Pego, em Portugal, com um projeto que combina a hibridização de fontes renováveis e o seu armazenamento naquela que será a maior bateria da Europa, com iniciativas de desenvolvimento social e económico".
O projeto apresentado pela empresa representa um investimento total de 600 milhões de euros, não estando sujeito a apoios externos por se tratar de uma iniciativa economicamente sustentável.
"Este investimento destina-se à construção de nova capacidade solar (365 MWp) e eólica (264 MW) num regime de hibridização apoiado por um sistema de armazenamento com baterias com uma capacidade total de 168,6 MW", detalha a empresa liderada por Nuno Ribeiro da Silva. Além disso, será instalado um eletrolisador de 500 kW para a produção de hidrogénio verde que entra em funcionamento em simultâneo para aproveitar os excedentes que não podem ser geridos pelo sistema de armazenamento.
Para além do desenvolvimento de fontes de energias renováveis, a Endesa garante que apresentou um plano "no qual envolveu todos os agentes locais" para o crescimento económico e social da região que inclui "a criação de 75 postos de trabalho, 12.000 horas de formação e o apoio às PME para que integrem os seus projetos na região, criando novas oportunidades de crescimento e riqueza para a Região de Abrantes".
Desentendimento chega aos tribunais
O concurso em causa era para a atribuição de reserva de capacidade e injeção na rede pública de energia produzida a partir de fontes renováveis. E estava a ser disputado pela Endesa, Tejo Energia, Greenvolt, Brookfield & Bondalti, Voltalia e EDP Renováveis.
A Endesa e a Tejo Energia, empresas envolvidas na exploração da central a carvão que encerrou em Novembro, eram os concorrentes que reuniam melhores classificações. As empresas divergiram quanto ao futuro a dar à central do Pego, que tinha um contrato de aquisição de energia (CAE) válido até novembro de 2021.
A Tejo Energia, consórcio constituído pela Trust Energy (Engie e Marubeni), que detém 56%, e pela Endesa (com 44%), propôs ao Governo, no ano passado, iniciar, logo após o fim do ciclo do carvão, um processo de conversão da central para um "cluster" de energias verdes, mantendo todos os postos de trabalho, e com um investimento total de 900 milhões de euros.
A Endesa discordava da utilização de biomassa e apresentou a sua proposta a concurso, que recebeu a pontuação mais elevada na avaliação preliminar do júri.
O desentendimento já chegou mesmo à esfera judicial tendo a Trust Energy avançado para os tribunais por entender que a capacidade de injetar energia na rede através do ponto de ligação que se encontra na central do Pego pertence à Tejo Energia, que a geriu durante 28 anos.
"A Tejo Energia, em 2006, 2007, fez um acordo com o Estado - nesta altura a REN representava o Estado - em que teria direito a ficar com este ponto de ligação", disse recentemente à Lusa José Grácio, presidente executivo da Trust Energy,
Ainda antes de ser conhecido o vencedor, o consórcio interpôs uma providência cautelar para anular o concurso mas o Tribunal Administrativo e Fiscal de Leiria não lhe deu razão.
(Notícia atualizada às 19H55 com mais informação)