Uma nova tendência editorial está a ser explorada por diversos jornais e organizações noticiosas com o objetivo de conseguir um aumento das assinaturas pagas. A mais recente evolução neste domínio vem da empresa News UK, que controla os prestigiados jornais britânicos The Times e The Sunday Times. A News UK por sua vez pertence à News Corp, uma das maiores empresas mundiais de comunicação em todas as plataformas e meios de difusão. A estratégia editorial que está a ser aplicada no The Times e no The Sunday Times aposta numa maior capacidade de fazer coberturas ao vivo em tempo real nas plataformas digitais destas publicações, ao mesmo tempo que se recorre cada vez mais à imagem fotográfica e ao vídeo. Estes jornais estão num processo de revisão da forma como decidem as coberturas editoriais da atualidade. Edward Roussel, que desde maio passado é o responsável pela estratégia de desenvolvimento digital da empresa, está a implementar novas formas de garantir a cobertura noticiosa, com prioridade ao jornalismo digital com forte componente visual..A nova estratégia passa por publicar menos reportagens, mas fazê-las melhor. A redação produz atualmente cerca de 150 artigos multimédia por dia que alcançam 14 milhões de visualizações por mês. Roussel prefere que, com sacrifício da quantidade, se privilegie a qualidade e a capacidade de alcançar audiência com critérios de edição muito concretos. O objetivo é conseguir acompanhar a evolução da modificação dos hábitos de consumo e de visualização dos leitores. Mais imagem e texto mais sintético mas com toda a informação essencial é a receita desejada..Em meados deste mês John Witherow, o editor do The Times, definiu as mudanças e criou uma nova área da redação dedicada ao jornalismo visual, com capacidade de produzir mais gráficos, imagens e vídeo, trabalhando com especialistas em construção de audiências -- afinando a preferência dos leitores, sugerindo-lhes histórias de acordo com os seus hábitos de leitura, aperfeiçoando o trabalho de edição nas redes sociais do jornal. No fundo, o mesmo caminho que uma equipa de engenheiros da Amazon implementou no Washington Post quando o jornal foi comprado por Jeff Bezos. Estas modificações no The Times levaram à criação de mais 12 novos postos na estrutura do jornal, com jornalistas e técnicos especializados focados em garantir os objetivos. "Este não é um exercício de contenção de custos, mas precisamente o contrário, estamos a aumentar o nosso investimento no jornalismo contemporâneo, essencial para captarmos mais assinantes e receitas" - disse Edward Roussell..A nova estratégia tem por objetivo proporcionar à redação "a capacidade e a sofisticação de antecipar como uma determinada história pode ser disseminada da forma mais eficaz através da internet", sublinhou ainda, esclarecendo que cada editor deverá decidir qual o melhor formato para cada publicação - o que implica criar um momento de reflexão para avaliar a importância da história e qual a melhor forma de a editar. "Quanto maior for a capacidade de publicar as nossas notícias nos sítios onde as pessoas focam a sua atenção, maiores são as possibilidade de ganhar audiência. Temos que nos focar a sério na melhor forma de captar a atenção dos leitores e levá-los a tornarem-se assinantes para poderem ler sem limitações os nossos conteúdos com a nossa marca de qualidade". The Times tem agora 367 mil assinantes digitais, o dobro dos assinantes da edição em papel e tem vindo a evoluir o perfil dos seus leitores online: 52% dos novos assinantes digitais são mulheres e 40% têm menos de 30 anos, o que significa um aumento significativo em relação aos números anteriores à pandemia..SF Media