
A Euronext Lisbon anunciou esta quinta-feira que prepara o lançamento de três iniciativas em 2024, tendo em vista o aumento da liquidez e eficiência do mercado de capitais português. A grande novidade passa pelo lançamento de opções sobre ações portuguesas.
A novidade foi dada por Isabel Ucha, presidente executiva (CEO) da empresa que gere a bolsa de valores portuguesa, num encontro com jornalistas, onde revelou que as primeiras cotadas a ter à disposição novos instrumentos financeiros serão a EDP, a EDP Renováveis, a Galp e a Jerónimo Martins.
Estas opções consistem em contratos financeiros que asseguram o direito de adquirir ou vender um título cujo preço pode ser definido a priori para uma data futura. Estas opções podem ser entendidas como um tipo de produto derivado. Por exemplo, este tipo de opção pode criar para um investidor o direito de comprar cem ações num espaço de seis meses a um preço pré-definido.
A CEO da Euronext Lisbon explicou que as primeiras opções a serem lançadas visam aquelas quatro empresas porque os investidores mostraram "mais apetência" pelas ações daquelas quatro cotadas. A gestora não adiantou uma data para o lançamento de opções sobre ações, mas prevê que ocorra "no primeiro semestre".
No encontro que serviu para fazer um resumo da atividade em 2023 e apresentar perspetivas para 2024, Isabel Ucha adiantou que já hé "um market maker comprometido" com o lançamento de opções sobre as ações portuguesas. Numa primeira fase será a Susquehanna, uma corretora norte-americana também especializada em índices, produtos derivados, venture capital e commodities, entre outros, a criar condições de liquidez para as novas opções para os títulos da EDP, EDP Renováveis, Galp e Jerónimo Martins.
Não obstante, Isabel Ucha afirmou que haverá, "eventualmente", bancos que operam em Portugal "a assumir" um "compromisso" com o lançamento de opções sobre ações das cotadas portuguesas.
“A inclusão de mais ações portuguesas com contratos de opções dependerá da procura e do sucesso destas opções que vamos lançar agora", adiantou, tendo a expectativa que o lançamento de novas opções sobre ações portuguesas possa atrair mais investidores individuais, que no final de 2023 representavam 14% do volume médio diário da negociação na praça de Lisboa (123 milhões de euros em ações).
Atualmente, a Euronext Lisbon já permite contratos futuros na negociação do PSI, em termos derivados, havendo nessas condições ações de nove cotadas.
Negociar em euros ações norte-americanas
Outra novidade para este ano passa pela criação do Global Equity Markets (GEM), uma plataforma de trading que, segundo Isabel Ucha, dará acesso ao investidor particular português a mais de 350 títulos - de empresas cotadas em bolsa mas que não estão listadas nos índices da Euronext e de empresas cotadas norte-americanas.
No caso das ações norte-americanas, a nova plataforma terá a mais-valia de permitir a negociação em euros.
A CEO da Euronext não adiantou uma data para o lançamento da plataforma, mas acredita que estará em condições de "dar mais detalhes" até ao final do primeiro semestre.
Questionada sobre as vantagens da GEM face às plataformas de negociação de baixo custo que já estão disponíveis em Portugal, Isabel Ucha afirmou: "Não é só o preço o principal fator de atratividade". A responsável garantiu que apresentará "uma oferta competitiva", que poderá garantir menos custos inerentes à negociação, encurtar o "tempo de liquidação" e outro tipo de "segurança da custódia”.
A nova plataforma de trading já existe em Itália e será, por isso, aberta ao mercado português e a outras geografias da Euronext.
Além da GEM, A Euronext Lisbon prepara também o lançamento de índices de obrigações de governo (MTS). O primeiro passo será dado este ano, com a criação de um primeiro índice para transacionar obrigações soberanas. Isabel Ucha justificou a medida ao dizer que o mercado de ações transaciona 11 mil milhões de euros diariamente, enquanto "todos os dias são negociados 200 mil milhões de euros" de obrigações soberanas.