"A atual fábrica de Bragança é uma das nossas fábricas de referência na Europa, prestando serviço a construtores automóveis de todo o continente em sistemas avançados de controlo de emissões para veículos de passageiros. O êxito desta fábrica tem sido fundamental para o êxito dos veículos dos nossos clientes, em particular dos automóveis a diesel", explicou Christophe Schmitt, vice-presidente executivo da Faurecia Emission Control Technologies, em entrevista ao Dinheiro Vivo. Prova de tal êxito está no facto de três dos seis concorrentes a Carro do Ano 2015 integrarem peças produzidas pela Faurecia Portugal: Citroen C4 Cactus (estruturas metálicas dos assentos e encostos frontais e traseiros), Nissan Qashqai e Peugeot 308 SW (catalisador).
Em Bragança, a Faurecia é a maior empregadora e exportadora: a unidade inaugurada em 2001 emprega 720 pessoas que produzem, diariamente, conjuntos de tubos, silenciadores, conversores catalíticos e filtros de partículas para cerca de 9500 carros, sendo praticamente 100% exportados para as principais fábricas de automóveis da Europa (Jaguar Land Rover, Skoda, Daimler, PSA, Renault, Nissan e Ford). No ano passado, só a unidade de Bragança gerou vendas de 315 milhões de euros.
A Faurecia está em Portugal desde 1951 e possui seis fábricas que operam em quatro unidades de negócio do grupo, empregando cerca de 3700 pessoas: em Palmela, 430 colaboradores produzem sistemas de interior para 1543 carros/dia; em S. João da Madeira, duas fábricas empregam cerca de 1800 pessoas que produzem apoios de cabeça, espumas e acessórios para 45 mil carros/dia e estruturas metálicas para bancos para 30 mil carros/dia; em Vouzela, 740 funcionários produzem capas para bancos a uma média de 17500 carros/dia; e, em Nelas, cerca de 80 trabalhadores montam assentos para cerca de mil carros/dia.
A escolha da localização da nova fábrica em Bragança ficou decidida, adiantou a mesma fonte, devido aos "custos de trabalho competitivos, a distância para os locais de venda entre empresas e a partilha de recursos atuais em Bragança", acabando a multinacional por conseguir a "cereja no topo do bolo" com os "incentivos fiscais e financeiros ligados à criação de emprego durante o período do investimento (crédito fiscal, acesso a crédito bonificado)". O apoio do Estado português a este investimento rondará 20% do total.
A crise que afetou o setor automóvel europeu está, para Christophe Schmitt, "definitivamente para trás", visto que a Faurecia tem "estado no caminho de um crescimento forte, mesmo na Europa, onde a produção automóvel está a crescer novamente, a um ritmo de 2 a 4% este ano, segundo as nossas próprias previsões". A multinacional de origem francesa revela que "as vendas globais deverão crescer cerca de 5% em 2015, encerrando perto de 20 mil milhões de euros" e prevendo, para o ano seguinte, vendas na ordem dos 21 mil milhões de euros.