Klarna: Portugal é um mercado "muito importante" onde o setor vive transformação "positiva"

Fintech de origem sueca está a acumular parceiros em Portugal e está, agora, a preparar-se para abrir um hub em Lisboa. Alexandre Fernandes, líder da operação portuguesa, garante ao Dinheiro Vivo que empresa está comprometida com Portugal.
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"Portugal está num caminho muito positivo de transformação tecnológica do setor financeiro, observando-se bons movimentos de inovação nos incumbentes, mas também nas fintechs". É o head of business development da Klarna em Portugal, Alexandre Fernandes, que o afirma em entrevista ao Dinheiro Vivo, realçando que o país é relevante para a empresa de serviços financeiros gititais (fintech) de origem sueca.

"Portugal é um mercado muito importante para a Klarna e no qual queremos investir, porque tem consumidores especialmente adeptos à utilização de novas tecnologias financeiras e para o consumo", afirmou o gestor. Isto, apesar da empresa ter anunciado em maio uma redução de 10% nos recursos humanos a nível global, segundo o site Sifted.

Alexandre Fernandes garante que a fintech está comprometida com Portugal, mantendo-se o objetivo de abrir um centro tecnológico em Lisboa: "Estamos muito entusiasmados com os planos de abrir um centro de desenvolvimento na cidade de Lisboa, onde prevemos recrutar 500 profissionais ao longo dos próximos tempos. Este é um passo que reforça o compromisso da Klarna com o mercado português e com os consumidores portugueses", prosseguiu o responsável pelas operações da Klarna no mercado nacional".

Por que motivo olha a Klarna com tão bons olhos para Portugal? Devido ao momento de transformação tecnológica que o setor financeiro atravessa, de acordo com Alexandre Fernandes. Para o gestor, apesar de ainda existir uma "visão fechada" no fornecimento de serviços financeiros, as fintechs estão a encontrar espaço no mercado, pois - salienta o responsável da Klarna - têm "elastecidade" na hora de disponibilizar tecnologia no "cruzamento do setor com todos os outros setores de retalho.

"As fintechs fazem-no de forma mais eficaz, simples e com uma integração que vai ao encontro do que os retalhistas e os consumidores procuram", sublinha o head of business development da Klarna.

"Um bom exemplo é que temos vindo a assistir a um decréscimo na utilização de cartões de crédito, um produto muito associado à banca tradicional, com os consumidores a demonstrarem preferência pelo débito e pelo 'compre agora pague depois' Buy Now Pay Later. Em Portugal esta é uma realidade ainda mais premente, pois existe uma baixa penetração de utilização de cartões de crédito, de 35%, demonstrando a aversão dos consumidores nacionais por este método de pagamento que, além de tudo, é caro", argumenta.

Crescente procura por serviços 'compre agora pague depois' justifica aposta na Klarna

Atualmente, a Klarna serve mais de 100 milhões de utilizadores, registando mais de dois milhões de transações diária. Conta com 450 mil operadores de retalho como parceiros, em todo o mundo, incluindo a H&M, Saks, Sephora, Macys, IKEA, Expedia Group e Nike. Em Portugal, já trabalha com cem marcas, incluindo a Prozis e Samsung. A esta rede de parceiros juntou-se recentemente a Lanidor.

"Começamos a trabalhar com a Klarna muito recentemente, porque acreditamos que há uma crescente procurar por este tipo de serviços e porque queremos estar perto das nossos clientes, com as soluções, ferramentas e tecnologias que os próprios procuram e utilizam", explica Pedro Bordonhos, head of eCommerce da Lanidor, ao Dinheiro Vivo.

Bordonhos indica que a Lanidor, grupo português de pronto-a-vestir, "está sempre a melhorar a experiência de compra online". Com o crescimento do comércio eletrónico, "com especial foco nos anos da pandemia", a disponibilização de diferentes métodos de pagamentos tornou-se uma necessidade. "Faz parte da nossa estratégia, especialmente o 'compre agora pague depois' que tem vindo a ser muito procurado", afirma.

"Na Alemanha, Bélgica, Austrália, Nova Zelândia e Países Baixos assistiu-se a um maior crescimento na utilização dessa ferramenta no primeiro trimestre, enquanto países como França, Itália, Espanha e o Canadá assistiram ao maior crescimento anual. Fazemos parte desta mudança e vamos crescer com ela", prosseguiu.

O responsável da Lanidor acrescenta que a escolha de apostar nos métodos de pagamento fornecidos pela Klarna justificam-se pela necessidade de que "haja um valor acrescentando em todas as compras e soluções de pagamento" disponibilizadas pela Lanidor na hora de um cliente concluir uma aquisição. E, nesse sentido, "a Klarna vai ao encontro desse objetivo".

"Acreditamos que o crescimento da receita vem com a qualidade dos nossos produtos a par da conveniência de compra", remata, ainda que não detalhe números sobre a evolução esperada nas receitas.

Tradicionalismo da banca vs fintech

"A Klarna nasceu para romper com o tradicionalismo do setor bancário", afirma Alexandre Fernandes, salientando que a "principal missão" é tornar o ato de comprar "mais simples e inteligente. Que quer isso dizer? "Opções de pagamento flexíveis que dão mais escolhas, maior poder de controlo e maior conveniência ao consumidor". explica.

Como se faz isso? Primeiro, a Klarna garante na sua aplicação móvel o acesso a qualquer loja online das marcas parceiras. No caso do mercado português, a fintech promove a opção "pay in 3', ou seja dividir o pagamento em três fases. "Permite pagar as compras em três prestações fixas, sem juros ou taxas associadas, quando pagas dentro do prazo previsto", detalha o responsável da fintech. Acresce a funcionalidade "Pay Now", "para pagamento das compras na totalidade, no exato momento em que é feita a compra".

E como é que este método de pagamento funciona para a Klarna e para as lojas, como dividem os ganhos? "A principal fonte de receita da Klarna vem das marcas parceiras. A Klarna assume o risco total de crédito e fraude para comerciantes e consumidores. Oferecemos às marcas parceiras uma base superior a 100 milhões de consumidores em 20 países através da nossa plataforma. Tambem promovemos as marcas com estrágias de marketing concretas, incluindo promoções na aplicação Klarna, modelos de comparação e serviços que acrescentam valor como o Styling com Inteligência Artificial para criar conteúdos dinâmicos e úteis para os consumidores", explica.

"A comissão da Klarna pode variar de comerciante para comerciante, sendo que cada um tem uma parceria customizada connosco", adianta, sem no entanto revelar quanto é cobrado aos retalhistas parceiros que disponibilizam os métodos da Klarna.

Ainda que questionado, o líder da Klarna em Portugal também não deslinda valores sobre o atual volume de negócios da fintech no mercado nacional.

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