Altice Portugal, dona a Meo, confirmou esta quinta-feira ter sido notificada da acusação da Autoridade da Concorrência (AdC), considerando as acusações "infudadas". Por isso, rejeita-as e vai contestar a nota de ilicitude apresentada pelo regulador para a concorrência. A dona da Meo também diz que a AdC sabia do projeto de inserir publicidade como condição de acesso às gravações automáticas, mas não levantou quaisquer dúvida..A entidade liderada por Margarida Matos Rosa acusou na quarta-feira as operadoras Meo, NOS e Vodafone, em conjunto com a consultora Accenture, de restringirem a concorrência "ao combinarem entre si a inserção de 30 segundos de publicidade" para o acesso a gravações automáticas de televisão..Do lado da dona da Meo, fonte oficial afirmou ao Dinheiro Vivo que a empresa vai analisar a acusação "e irá responder à AdC dentro dos prazos estipulados, refutando todas as acusações infundadas que lhe são dirigidas, estando convicta de que nada existe de ilícito no projeto em causa"..Além de revelar que a Meo vai contestar a acusação da AdC, a mesma fonte garantiu que em causa "está um projeto que foi apresentado à AdC e discutido detalhadamente com aquela autoridade em várias sessões de trabalho presenciais ao longo de 2019 e 2020, sem que nos tenham chegado objeções". Por isso, a acusação da AdC foi recebida com "enorme surpresa"."Continuamos convictos de que o projeto em causa não é ilícito, é pró-competitivo e é também vantajoso para todos os envolvidos, incluindo para o consumidor", concluiu fonte oficial, sem adiantar mais detalhes..Além da Meo, também a Accenture já reagiu à acusação da AdC. A consultora negou "irregularidades" e garantiu que vai defender-se "veementemente" de acusação do regulador. O Dinheiro Vivo questionou também a NOS e a Vodafone, estando a aguardar resposta..A Autoridade da Concorrência fez saber, na quarta-feira, que concluiu que houve concertação entre a Meo, NOS e Vodafone, com "o suporte tecnológico e operacional" da Accenture, para "a inserção de 30 segundos de publicidade como condição de acesso dos respetivos clientes às gravações automáticas dos diferentes canais de televisão", na sequência de uma investigação motivada por uma notícia do semanário "Expresso"..A investigação levou a AdC a identificar "uma abordagem concertada" sobre os clientes dos operadores, "os quais ficaram sem incentivo à mudança de operador, apesar de insatisfeitos com as alterações introduzidas, perante a degradação simultânea e concertada do serviço de televisão por subscrição"..Ora tal acordo foi considerado anticoncorrencial, por violar a lei e por, indevidamente, "preservar a estrutura de mercado relativamente estável e equilibrada, da qual os operadores beneficiam, uma vez que o mesmo minimiza a diferenciação nas ofertas de serviços de televisão por subscrição, em termos de preço ou outras condições de transação, em benefício dos operadores e em detrimento dos consumidores".